Introdução: A comunidade trans frequentemente enfrenta obstáculos que as distanciam do acesso pleno ao sistema de saúde pública. O estigma social, profundamente enraizado, pode se manifestar nas estruturas de saúde, levando à criação de centros segregados, mesmo para necessidades de saúde mais amplas ou generalizadas. Esse cenário é agravado quando se trata de tratamentos específicos, como a hormonioterapia, devido à falta de capacitação dos profissionais de saúde em geral ou especializados nessa área. Além disso, a concentração desses serviços em áreas urbanas de grande porte pode excluir geograficamente parte da população trans que vive em locais mais distantes ou de menor densidade populacional. Objetivos: Este estudo visa relatar a experiência de um ambulatório especializado no atendimento integral à comunidade trans. Relato: Durante um período 04 anos, foram realizados atendimentos ambulatoriais a indivíduos trans, incluindo travestis, homens e mulheres transexuais, no único centro de referência hospitalar do Estado do Piaui - Hospital Getulio Vargas – Teresina-PI. Os serviços oferecidos compreendem desde o acolhimento de demandas variadas, relacionadas ou não à transexualidade, até o manejo integrado de comorbidades, incluindo a prescrição e acompanhamento da hormonioterapia, sob a supervisão de uma equipe composta por endocrinologista, psicólogo, ginecologista, urologista, assistente social e enfermeiro. A demanda por hormonioterapia é predominante. Apesar do centro situar-se na cidade de Teresina, o ambulatório atende pessoas não apenas da região, mas também de outras partes do país. A diversidade de contextos clínicos e sociais enriquece a experiência oferecida. Conclusão: A criação dos serviços de saúde é essencial para garantir o acesso equitativo à população trans. No entanto, ainda existem desafios significativos em muitas partes do mundo, incluindo acesso limitado a serviços de saúde transcompetentes, discriminação por parte de profissionais de saúde e barreiras financeiras. A equipe pode desempenhar um papel crucial nesse processo, assumindo a responsabilidade pelos cuidados médicos gerais e específicos relacionados à transexualidade, como a hormonioterapia