Introdução: A inserção e o fortalecimento de enfermeiras e enfermeiros indígenas em espaços de poder são essenciais para a inclusão efetiva de diálogos sobre saúde, diversidade e pautas específicas dos povos indígenas. Esse processo de empoderamento pode começar já na educação superior, através da atuação em entidades de classe, associações estudantis, movimentos indígenas e grupos de trabalho focados em temáticas de âmbito político e social. Ao promover esses espaços como centros de poder e decisão, abre-se caminho para que essas vozes sejam não apenas ouvidas, mas também atuantes na formulação de políticas de saúde e educação que respeitem e valorizem a diversidade cultural. A presença de indígenas nos cursos de enfermagem e nos subsequentes espaços profissionais deve ser vista como um vetor de transformação social, onde práticas de saúde culturalmente adaptadas podem ser desenvolvidas e implementadas, contribuindo para uma abordagem mais inclusiva e eficaz no cuidado à saúde. Este estudo tem como objetivo identificar espaços políticos e sociais que podem servir de referência para implementar o fortalecimento de estudantes e trabalhadores de enfermagem indígenas como sujeitos políticos ativos. Desenvolvimento do trabalho: Este estudo descritivo e documental utilizou como fontes de dados o sítio eletrônico da Universidade Federal do Pará e a Câmara Municipal de Belém. A coleta de dados foi realizada em abril de 2024, e a análise foi de conteúdo, focando nos apontamentos sobre o papel da educação na transformação social. Resultados: Foram identificados como espaços de associação ao tema a Coordenação Antirracista, a Associação de Estudantes Indígenas, o Movimento Indígena de Belém e a Associação Multiétnica. Esses espaços têm desempenhado papéis fundamentais na promoção de pautas indígenas e na inserção de temas relevantes para a comunidade indígena nos diálogos regionais e nacionais. Considerações finais: Os povos indígenas, como sujeitos de direitos políticos e sociais plenos, devem ter sua participação em espaços de poder decisivamente fortalecida desde a formação acadêmica. A participação ativa de estudantes de enfermagem indígenas em movimentos sociais e políticos desafia e propõe a revisão dos modelos pedagógicos tradicionalmente eurocentrados, favorecendo a emergência de uma pedagogia intercultural. Esta abordagem não só enriquece o currículo educacional, mas também prepara os futuros enfermeiros para engajar-se em temas emergentes e vitais como as mudanças climáticas e o protagonismo indígena nas questões étnicas e de atenção à saúde, estabelecendo um novo paradigma na saúde pública que valoriza saberes diversos e promove uma atuação mais inclusiva.
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