A busca por orientação nutricional vem crescendo diante da conscientização sobre o papel da alimentação na prevenção de doenças e na qualidade de vida. Compreender as percepções, as atitudes e os determinantes alimentares é crucial para direcionar intervenções eficazes, evitando um discurso de culpabilização dos indivíduos e promovendo mudanças factíveis de manutenção a longo prazo. O trabalho teve por objetivo analisar o comportamento de indivíduos adultos que buscaram atendimento em um projeto de extensão. Estudo quantitativo, descritivo, de amostra por conveniência, com dados de um projeto de extensão do curso de Nutrição da Universidade Federal de Santa Maria. O Projeto Conscientiza dispõe de atendimentos individuais e em grupo para a comunidade, pautando-se na abordagem da Nutrição Comportamental. Para participar das atividades presenciais ou online, interessados(as) preenchem uma anamnese via Google Forms, que consiste no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), dados pessoais e questões que tratam de percepções e práticas sobre alimentação e peso corporal. A anamnese conta com o questionário “Como está sua alimentação” do Guia Alimentar para a População Brasileira para caracterizar o consumo alimentar inicial. Para esta pesquisa, foram incluídas todas as anamneses do projeto, preenchidas de setembro de 2020 a fevereiro de 2024, com a devida confirmação de concordância com o TCLE. Foram excluídas anamneses incompletas e de participantes menores de 18 anos. Na análise dos dados, utilizou-se estatística descritiva simples. A pesquisa recebeu o número de aprovação CAAE 63053522.2.0000.5346 do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFSM. Foram analisadas 101 anamneses, amostra esta composta predominantemente por mulheres (93%) jovens (57,4%), brancas (83,2%), com ensino superior incompleto (32,7%), casada/com companheiro(a) (49,5%), com renda familiar de até 2 salários-mínimos (55,4%). A maioria (74,26%) buscava o serviço para mudar hábitos alimentares, 37,62% disseram-se motivados por questões estéticas e 17,82% por questões de saúde. Cerca de 38,6% já haviam realizado dietas restritivas, dos quais 20,51% afirmaram não terem perdido peso. Entre os que relataram alguma perda, 21 mantiveram o resultado, 7 recuperaram o peso e 3 ganharam mais do que haviam perdido. Todos os participantes reconheciam a necessidade de melhorar sua saúde, mas identificavam barreiras para tal: 34,65% relataram a falta de força de vontade e 12,9% indicaram o estresse como possíveis impeditivos para a mudança do comportamento alimentar. Os hábitos de 21,8% dos pacientes indicavam necessidade de mudança, 37,6% pontuaram na faixa regular e 40,6% tiveram pontuação excelente, segundo a classificação do questionário do Guia Alimentar. Os dados revelam a necessidade de trabalhar a motivação para a mudança do comportamento alimentar e de atitudes em relação ao peso corporal do público estudado. Verificou-se que, mesmo aqueles que apresentavam hábitos alimentares bons a regulares procuravam o serviço com foco na mudança de peso corporal. A autopercepção negativa é um desafio a ser enfrentado no acompanhamento nutricional, pois a culpabilização fragiliza o processo de mudança e induz a práticas ineficazes e prejudiciais, como as restrições alimentares. Destaca-se a urgência de abordagens personalizadas e suporte contínuo para promover mudanças efetivas e sustentáveis na saúde nutricional dessa população.
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