A prática da agricultura urbana e rural, pautada na agroecologia, tem mobilizado encontros em territórios diversos que se organizam para ações de impacto social e ambiental da perspectiva do bem viver. Na área rural a prática ancestral de cuidado ao solo, de cultivo de alimentos livres de agrotóxicos e de preservação das sementes crioulas tem se constituído como um movimento de resistência ao avanço de projetos hegemônicos que assolam os territórios, assim como, na área urbana onde as hortas comunitárias utilizam áreas públicas, sem funcionalidades ou abandonadas, e ressignificam a ocupação dos espaços imobiliários. Estes movimentos tem apresentado a Saúde Coletiva uma nova configuração sobre o que é a produção do cuidado e nos convoca a ampliar a reflexão sobre os dispositivos que potencializam e fragilizam a existência das vidas nos territórios. O presente trabalho parte do pressuposto de que o conhecimento é situado, parcial e crítico e pela lente da perspectiva feminista, antirracista e popular, busca compreender como tem sido a construção destas redes vivas de existências e de resistência que se apresentam como um projeto político ancestral. O objetivo do estudo tem sido estudar os modos de produção de cuidado nos territórios de encontros das mulheres em torno da produção agroecológica rural, na região do Distrito Federal e Goiás e analisar os dispositivos que potencializam e fragilizam a preservação da identidade sociocultural e sustentabilidade ambiental, na perspectiva da micropolítica da produção de saúde. A pesquisa qualitativa de abordagem cartográfica convoca, com seus resultados, a reflexão de como estes encontros possibilitam o surgimento de um processo singular com um produto que se faz em ato para ampliar o cuidado de si e do território. Busca fortalecer a formação em saúde com a emergência de novas propostas democráticas e libertadoras com uma práxis comprometida com a emancipação dos sujeitos e preservação da natureza e visa formentar no debate da Saúde Coletiva a necessidade de implicação com o desenvolvimento local e ambiental, com as tecnologias sociais e com a agroecologia como direitos que devem garantidos no saber e fazer dos/as estudantes e profissionais da área.