Como que a educação em saúde tem sido usada no tratamento de drogas psicotrópicas

  • Author
  • Mirian dos Reis Eichoff
  • Co-authors
  • Victor Mikael Anderson , Cleiton Baumbratz
  • Abstract
  • Tema: Educação em saúde

    Título: Como que a educação em saúde tem sido usada no tratamento de drogas psicotrópicas.

    Apresentação:

    A educação em saúde (ES) é uma prática que permite a construção de conhecimento, o compartilhar saberes e a troca de experiências com os profissionais da saúde, o que possibilita a emancipação e melhora na qualidade de vida. Esta vem sendo utilizada principalmente como método de promoção e prevenção da saúde, primária, secundária e até terciária.

    A partir disso, uma das populações que apresenta dificuldade ao acesso a esse método de atenção são os pacientes usuários de drogas, os quais  sofrem forte estigmatização decorrente do despreparo, medo, e por vezes, falta de experiência para abordar o tema. Com isso, frente ao cuidado das populações em vulnerabilidades, a Estratégia Saúde da Família (ESF) traz a ES como ferramenta que perpassa preceitos culturais e sociais e assim exerce o cuidado de forma eficaz e efetiva em inúmeras situações, em especial aos pacientes usuários de drogas psicotrópicas. 

    Entretanto, muitas vezes, os profissionais da saúde apresentam dificuldade na aplicação da ES no tratamento dessa população, seja atrelado à dificuldade de relação interdisciplinar, à perspectiva sobre usuários de drogas ou à própria ES. A prática profissional deve perpassar essas dificuldades realizando intervenções em escolas, em empresas, com o preparo técnico-científico no exercício do cuidado.

    Entendendo a importância da efetiva ES e a necessidade desta na ESF, mostra-se necessário compreender a relação entre a ES e os profissionais educadores. Com isso, o presente resumo expandido tem por objetivo identificar como a ES deve ser usada no tratamento e na promoção de saúde a usuários de drogas psicotrópicas.

    Desenvolvimento do trabalho:

    Foi desenvolvida uma pesquisa qualitativa, do tipo documental, onde foi analisada a prática da ES no tratamento e na promoção de saúde de usuários de drogas psicotrópicas pela ESF. A pesquisa considerou os resultados da Plataforma Sucupira da CAPES, usando como referências revistas da área da Enfermagem e que pertenciam classificações de periódicos quadriênio 2017-2020 classificados em Qualis A1. 

    Após a seleção de 28 revistas, foi utilizado a busca avançada do periódico científico, buscando artigos que tratassem de drogas psicotrópicas, em uso das palavras chaves: “drogas psicotrópicas”, “drogas”, “lícitas” e “ilícitas”. Em seguida, foram selecionados artigos que tratassem de ES, educação popular em saúde e práticas e percepções dos profissionais da saúde quanto à abordagem sobre a temática. Assim, foi realizada a leitura dos 19 artigos selecionados, os quais foram utilizados como base de sustentação aos debates realizados no presente resumo expandido. 

    Resultados:

    Em busca de integral efetividade da atenção em saúde à população assistida por uma ESF, há o acompanhamento desta pelos agentes comunitários de saúde. Profissionais, estes, que, entre outros, atuam juntamente com a equipe multiprofissional, incentivando a população à adesão às atividades de ES. Dessa forma, o trabalho realizado de forma conjunta é capaz de alcançar o paciente e reforçar sua participação.

    Os resultados apontam que as relações com o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) também se mostram indispensáveis à continuidade e, por vezes, à aplicabilidade da ES. Assim, se enfatiza a importância de um trabalho articulado e em conjunto, mostrando, ainda, que essas ações não podem ser realizadas na presença de conflitos e ruídos na comunicação interdisciplinar.

    Ademais, de acordo com a literatura, essa comunicação multiprofissional é essencial na conduta quanto aos usuários, isso pela particularidade que cada um trabalha e contribui depois na efetividade do serviço prestado. Salienta-se novamente, que dentro de uma ESF, o enfermeiro direcionará o cuidado a estes indivíduos.

    Em diversos artigos identificou-se que o contato desses profissionais com os usuários de drogas, asperge em inúmeras dúvidas de como proceder, sendo pelo medo, falta de capacitação e despreparo. Portanto, tem-se um déficit tanto por parte da equipe, quanto pelos usuários que acabam não entendendo a necessidade e importância da adesão ao tratamento, compreendendo apenas o estigma da proibição, e não o da redução de danos.

    Assim, dentre aquilo que necessita-se trabalhar com os usuários, na ES, a compreensão dos malefícios que as drogas podem causar são fundamentais à adesão às práticas preventivas e corroboram a promoção da saúde. A pesquisa apontou que essas ações, contribuindo à percepção e conquista de autonomia pelo usuário, resultará, ainda, no bom relacionamento da equipe/usuário e garantirá a efetividade das ações principalmente pela adesão às práticas propostas. Para tanto, é necessário perspectivas e contato livres de qualquer tipo de estigmas, tendo o próprio indivíduo como protagonista do aprendizado. 

    Segundo as bases metodológicas, tê-lo como foco do ensino, garantirá a construção do conhecimento e sua emancipação, ainda que em determinadas situações, não se desvincule da linha de ensino vertical. Considerá-lo em sua integralidade, como ser multifacetado, não limitando-se ao processo saúde-doença, promove assim, este como partícipe de todos os serviços de saúde.

    Para que estas ações sejam possíveis, é preciso, entretanto, conhecer estas bases da ES e seus fundamentos teóricos e aplicações práticas, além de reconhecer as melhores abordagens ao fim desejado. Durante a pesquisa observou-se que conversar ações como palestras de ensino com rodas de conversa, por exemplo, permitem uma abordagem mais efetiva e abrangente às esferas biopsicossocial. Portanto, trabalhar com o equilíbrio destas metodologias é fundamental para uma ES efetiva.

    Nesse contexto, é crucial ao profissional educador, além da interdisciplinaridade das ações, conhecimento fundamentado e olhar crítico às demandas do público-alvo, o pleno conhecimento da ES e como esta há de impactar o sujeito, possibilitando seu acesso à saúde. Buscando tal compreensão, o educador deve voltar-se ao aprendiz e entender seus próprios conceitos, diminuindo os ruídos na comunicação, ampliando sua compreensão sobre o pensar de seu aprendiz.

    Tal pensamento volta às bases daquilo que se espera durante as ações, onde o educador auxiliará o aprendiz a libertar-se da realidade opressora em que se encontra e passa a interferir diretamente na sua própria condição de saúde. Os presentes achados evidenciam que a ES possui um grande potencial de transformação social.

     

    Considerações finais

    Ao findar o presente resumo expandido, retorna-se à questão promulgadora, “como a ES deve ser usada no tratamento e promoção de saúde a usuários de drogas psicotrópicas?”. Concluída a pesquisa, foi possível visualizar que a ES deve estar atrelada ao bom relacionamento interdisciplinar, pois o mesmo é principal ferramenta a um cuidado integral.

    Assim, a análise dos artigos selecionados para esta pesquisa possibilita uma reflexão crítica, essencial à educação permanente e qualificação profissional. Ademais, no ensino superior, a ES deve ser estudada considerando as dificuldades e barreiras encontradas no cotidiano, e sua aplicabilidade deve contemplar toda a população. 

    Esta educação, contudo, deve estar bem estruturada em suas bases teóricas, desenvolvidas ao longo da história e devem ser de pleno conhecimento e contato pelo profissional, entendendo seu diferente uso nos possíveis campos e cenários de aplicação. Portanto, o êxito dessa atividade se dará a partir do empenho dos profissionais tanto individual quanto coletivamente, aliado ao preparo técnico e conhecimento científico.

     

    Por fim, a importância do uso de ferramentas que problematizam o contexto, consideram o indivíduo e libertam-no de qualquer forma de opressão são imprescindíveis no ato de cuidado. Dessa forma, depreende-se que a Educação em Saúde corrobora no processo do cuidado qualificado, direito este, de todos os cidadãos.

     
  • Keywords
  • Educação em saúde, Drogas psicotrópicas, Equipe multiprofissional
  • Subject Area
  • EIXO 1 – Educação
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