Introdução:As patologias obstétricas são condições de adoecimento ou de agravamento de uma doença prévia da mulher que ocorrem durante o ciclo gravídico, o parto ou o puerpério. Estão diretamente relacionadas com a morbimortalidade materna e neonatal, exigindo, maior atenção dos gestores e dos profissionais de saúde. A cardiomiopatia periparto (CPP) é uma condição rara e potencialmente fatal que afeta mulheres no final da gestação ou nos primeiros meses após o parto. Caracteriza-se por disfunção ventricular esquerda e insuficiência cardíaca aguda. Os fatores de risco incluem raça, etnia, multiparidade e idade materna avançada. As mulheres com CPP apresentam redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE <45%) e podem ter dilatação do ventrículo esquerdo, dilatação biatrial, função sistólica reduzida, função diastólica prejudicada e aumento da pressão pulmonar. Embora os efeitos da CPP na saúde materna sejam amplamente estudados, os impactos no desenvolvimento neonatal ainda são pouco compreendidos. Método: Para este estudo, foi realizada uma revisão integrativa da literatura com uma abordagem descritiva e exploratória, visando elaborar uma síntese abrangente que possibilitasse uma compreensão detalhada do fenômeno. Isso possibilita a coleta de informações sobre um tema essencial para práticas futuras em saúde, fundamentadas em pesquisas consistentes. Assim, a pergunta central foi: “Como são realizados os cuidados críticos à mulher com cardiomiopatia periparto” Para respondê-la, foi realizada uma pesquisa nas bibliotecas virtuais Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde (BVS) e Scientific Electronic Library Online (SCIELO), entre Setembro e Outubro de 2024, utilizando o operador booleano AND para cruzar os seguintes Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Cuidados críticos”, “Cardiopatias” e “Período periparto”. Resultado e discussão: De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 73% das mortes maternas no mundo são atribuídas a causas obstétricas diretas, ou seja, problemas que surgem durante o ciclo gravídico-puerperal. Entre essas causas, destacam-se hemorragias, distúrbios hipertensivos e sepse. Por outro lado, as causas indiretas referem-se a doenças pré-existentes ou que se desenvolvem durante a gravidez, mas que não estão relacionadas diretamente a complicações obstétricas. Essas condições podem ser agravadas pelos efeitos fisiológicos da gravidez, com diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares sendo as mais comuns. Ao abordar os cuidados, é essencial considerar os principais sistemas que a patologia afeta na gestante. Os autores indicam que a cardiomiopatia periparto impacta principalmente os sistemas cardiovascular, respiratório e renal. Assim, os profissionais de saúde devem estar atentos aos distúrbios que precisam ser identificados e corrigidos, incluindo a presença de situações clínicas que representem risco imediato à vida, suporte respiratório, intervenções para corrigir os distúrbios clínicos e hemodinâmicos, tratamento dos fatores causadores e desencadeantes, além do manejo de comorbidades descompensadas associadas. De acordo com as diretrizes de cardiologia, o suporte respiratório visa manter a Saturação de Oxigênio (SatO2) acima de 90% e reduzir o trabalho respiratório, utilizando oxigenoterapia por meio de cateter nasal ou máscara, além de suporte ventilatório não invasivo e invasivo. Para o controle hemodinâmico, é necessário monitorar frequentemente os sinais vitais, a ingestão de líquidos, o débito urinário, o peso, a função renal, os eletrólitos e os sinais/sintomas de congestão, enquanto se estabelece uma terapia medicamentosa, prestando atenção à teratogenicidade de certos medicamentos. Destaca-se que, além da necessidade de um plano de cuidados para essas mulheres, uma gestão adequada que apoie a equipe multiprofissional, na prevenção de riscos de doenças cardíacas durante a gestação é fundamental para aumentar a segurança no periparto. Apesar de gestores e profissionais estarem cientes das evidências relevantes sobre o acompanhamento de mulheres com cardiomiopatia periparto e sua importância para a redução de complicações, ainda não há nenhum país no mundo que tenha implementado medidas específicas para a prestação de cuidados a essas mulheres em risco. Conclusão: A cardiomiopatia periparto representa uma condição crítica que exige atenção especial no contexto dos cuidados de saúde da mulher durante e após a gestação. Este estudo evidenciou a importância de um manejo multidisciplinar, que engloba desde o diagnóstico precoce até o acompanhamento contínuo, visando não apenas a saúde da mulher, mas também o bem-estar do recém-nascido. A implementação de protocolos adequados de monitoramento e intervenção é essencial para minimizar os riscos e complicações associadas à doença. Em suma, a abordagem integral aos cuidados críticos à mulher com cardiomiopatia periparto não apenas contribui para a sua recuperação, mas também estabelece um padrão de atendimento que pode ser replicado em outras condições de saúde materna. A continuidade da pesquisa nesta área é necessária para aprimorar as práticas clínicas e garantir que todas as mulheres recebam o cuidado adequado durante esse período tão delicado.
É com grande satisfação que apresentamos os Anais do I Congresso Interdisciplinar em Práticas de Enfermagem, um espaço dedicado à troca de saberes, experiências e construção coletiva de conhecimento entre profissionais, docentes, estudantes e pesquisadores da área da saúde, com ênfase especial na Enfermagem.
Este congresso surge da iniciativa das Ligas Acadêmicas do curso de Enfermagem, com o apoio institucional do Centro Universitário de Patos (UNIFIP) e a colaboração de docentes engajados com o fortalecimento da prática interdisciplinar e da formação crítica e humanizada dos futuros profissionais da área da saúde. Com o tema central "Práticas de Enfermagem: Saberes e Experiências que Transformam", o evento propôs um diálogo aberto sobre os desafios contemporâneos do cuidado, da educação em saúde e das políticas públicas que impactam o exercício da Enfermagem.
A publicação destes Anais representa não apenas o registro das atividades desenvolvidas, mas também a valorização da produção acadêmica e do protagonismo estudantil. Cada trabalho aqui apresentado reflete o compromisso com a ciência, com a prática qualificada e com a construção de uma Enfermagem que atua de forma crítica, técnica e ética, promovendo o cuidado centrado nas pessoas e nas comunidades.
Agradecemos a todos e todas que contribuíram para a realização deste evento e esperamos que estas páginas inspirem novas reflexões, estudos e práticas transformadoras no campo da Enfermagem e da saúde.
Denisy Dantas Melquiades Azevedo (PRESIDENTA)
Fernanda da Silva Guedes
Gabriel Leitão de Almeida Araújo
COMISSÃO ORGANIZADORA
Anny Gabrielly Brilhante Martins
Artur Amorim de Medeiros
Ayane Aiara Lauriano de Caldas
Bárbara Dalila dos Santos Teixeira
Brenna Kalyne da Conceição Ferreira
Emmilly da Silva Ferreira
Flávia Maria Medeiros de Azevedo
Gisélly Emanoely Lócio de Sousa
Heloiza Remígio Nascimento
Iza Maria Araújo Lira
Izabel Nina Tavares Bisneta
Jade Costa de Freitas
Jennifer Lorrany Pereira Barbosa
João Batista de Araújo Neto
João Pedro de Sousa Andrade
Júlia Mateus Lima Araujo
Kalyne Dantas Valéria
Kaylane Náthali Medeiros de Oliveira
Luís Pereira de Sousa Filho
Marcelo Alves Martins
Maria Fernanda Gomes dos Santos
Maria Gabriela Cordeiro Pinto Costa
Maria Vitória Vieira Soares
Nicoly Dantas Peronico Ferreira
Rany Ellen Torres de Medeiros
Raylla Duarte Arruda
Rebeca Elza Filgueira Galvão Clemente
Vitória Rodrigues Alves