Esta pesquisa teve como objetivo investigar o efeito da pandemia da Covid-19 no underpricing das ofertas públicas iniciais realizadas no mercado brasileiro, assim como a relação entre o underpricing e o medo da pandemia. Para tanto, foram analisadas as 113 ofertas públicas iniciais realizadas entre 2010 e 2021, abrangendo o período pré-pandemia e durante a pandemia. A partir dos prospectos das ofertas, foram coletadas informações de características das empresas, da oferta e do coordenador líder. Verificou-se que as empresas pré-pandemia vieram a mercado mais preparadas do ponto de vista de estrutura de capital, tempo de atuação, índices de rentabilidade e com fundos de participação em sua base acionária. Já as empresas que abriram seu capital durante a pandemia tinham uma maior alavancagem, maior nível de governança corporativa e exigiram maiores volumes financeiros por oferta. Em seguida, os resultados das regressões mostram que se a variável (dummy) de pandemia passa de 0 para 1, o underpricing aumenta em 10,23 pontos percentuais e que o medo da pandemia é estatisticamente significante e positivo, indicando que quanto maior o medo, maior o underpricing das ofertas. Portanto, devido à maior incerteza trazida pela pandemia, o estudo conclui que as ofertas realizadas nesse período apresentaram maior underpricing como forma de compensar o risco tomado pelos investidores. Os resultados mostram também que empresas listadas no Novo Mercado e com maior volume de investidores totais apresentaram maior underpricing, enquanto empresas mais alavancadas, com maior percentual de aumento de capital, com ofertas maiores e com maior participação de investidores pessoa-física apresentaram menor underpricing.
Comissão Organizadora
Anderson Odias da Silva
Claudia Yoshinaga
Ricardo D. Brito
Felipe Saraiva Iachan
Vinicius Augusto Brunassi Silva