A endometriose é uma condição crônica, inflamatória e estrogênio-dependente, onde células endometriais crescem fora da cavidade uterina, afetando ovários e peritônio, causando desconforto pélvico e infertilidade. O diagnóstico é frequentemente atrasado de 3 a 11 anos, perturbando o ciclo reprodutivo de mulheres em idade fértil. Estima-se que 10% das mulheres nessa faixa etária tenham endometriose, com incidência de 20% a 50% entre aquelas com desconforto pélvico ou infertilidade. A endometriose urinária representa de 1 a 2% dos casos cirúrgicos, afetando principalmente a bexiga (84%) e o ureter (15%), podendo se estender na camada muscular e ocorrer de forma independente. O presente trabalho buscou reunir informações, por meio da análise de estudos recentes, sobre os aspectos do acometimento urológico da endometriose, com ênfase no quadro clínico e nas estratégias de tratamento. O estudo consiste em uma revisão de literatura na qual realizou-se uma busca de artigos na base de dados MEDLINE/PubMed, abrangendo o período de 2014 a 2024. Os descritores, conforme o DeCS/MeSH Terms, incluíram: “endometriosis”, “urogenital system”, “urinary tract”, ”urologic diseases”. Foram identificados 582 artigos, dos quais apenas aqueles publicados no idioma inglês ou português e com textos completos, foram considerados. Artigos de ensaios clínicos, classificados como “books and documents”, bem como publicados antes do ano 2014 foram excluídos. Portanto, restaram 44 artigos para análise de título e resumo, dos quais 13 foram considerados para o presente estudo. A endometriose pode ser assintomática em suas formas leves, resultando em diagnósticos tardios. Lesões maiores na bexiga causam sintomas intensos, principalmente no período pré-menstrual, como frequência urinária aumentada, disúria e dor acima do púbis, frequentemente confundidos com cistite intersticial. Hematúria cíclica e distúrbios menstruais como dismenorreia e menorragia ressaltam a necessidade de alta suspeita clínica. O diagnóstico de endometriose vesical e ureteral requer exames clínicos e de imagem, a Ressonância Magnética é o padrão-ouro para essa abordagem. A cistoscopia é essencial para suspeitas de endometriose urinária, apesar de limitações na detecção de lesões superficiais. O tratamento depende da localização, gravidade das lesões e sintomas. A terapia com agonistas de GnRH e hormônios pode ser eficaz para lesões superficiais, mas tem eficácia limitada a longo prazo devido à recorrência dos sintomas. A excisão cirúrgica é frequentemente necessária para casos graves ou quando o tratamento médico falha, com a laparoscopia, com ou sem assistência robótica, sendo preferida por menor morbidade e recuperação rápida. A endometriose ureteral pode levar à perda silenciosa da função renal, necessitando de diagnóstico e tratamento precoces. A cirurgia é o tratamento padrão, com a laparoscopia oferecendo melhores resultados. Monitoramento regular pós-tratamento é essencial para detectar recidivas e prevenir complicações. A ressecção transuretral combinada com o bloqueio hormonal por análogos de GnRH é eficaz no alívio dos sintomas da endometriose urológica, com resultados promissores para muitos pacientes. O conhecimento detalhado da endometriose no trato geniturinário, juntamente com o diagnóstico precoce, reduz os custos do sistema de saúde e a morbidade relacionada à progressão da doença. Proporcionando uma qualidade de vida significativamente melhor para os afetados.
É com imensa satisfação que apresentamos os Anais do 26° Congresso Paraense de Ginecologia e Obstetrícia, um evento que se consolida como um dos mais importantes encontros científicos da área no Norte do Brasil. Realizado nos dias 27 e 28 de setembro de 2024 na cidade de Santarém, este congresso reuniu profissionais, pesquisadores e especialistas de renome nacional e internacional para discutir temas de grande relevância para a saúde da mulher.
Os trabalhos apresentados e aqui publicados refletem a diversidade de temas e a riqueza de conhecimento científico nas áreas de ginecologia, obstetrícia, reprodução humana, oncologia ginecológica, urgências obstétricas, entre outros. Cada estudo e pesquisa contribui para o avanço da medicina e o aprimoramento das práticas clínicas, visando sempre o melhor cuidado à saúde feminina.
Este espaço acadêmico é, sobretudo, uma oportunidade de promover o intercâmbio de ideias, o debate científico e o fortalecimento da atuação profissional, em um momento em que a ciência e a prática médica caminham juntas para superar os desafios de uma área em constante evolução.
Agradecemos a todos os palestrantes, autores, colaboradores e participantes que, com seu compromisso e dedicação, fizeram deste evento um marco para a ginecologia e obstetrícia na região. Que este material seja fonte de inspiração e conhecimento para os que buscam aprimorar-se e contribuir com a excelência na saúde da mulher.
Comissão Organizadora
26° Congresso Paraense de Ginecologia e Obstetrícia
Comissão Organizadora
Congresso Paraense de Ginecologia e Obstetrícia
Comissão Científica