O papa João XXIII, ao intuir um concílio, pretendeu que este realizasse uma profunda renovação na Igreja, aproximando-a do mundo moderno e das mais diversas realidades humanas. Para isso, segundo o papa, era necessário que a Igreja estabelecesse um diálogo aberto com a sociedade de seu tempo, deixando-se interpelar por ela, ao mesmo tempo que se colocava diante do mundo. Tal objetivo só poderia ser alcançado se, ao longo do processo conciliar, o diálogo fosse, ao mesmo tempo, uma postura de seus participantes e o método empregado nos trabalhos do concílio. Desse modo, a noção de diálogo perpassara todo o concílio, dando-lhe uma marca peculiar, jamais vista em outros concílios. Esse processo dialogal desejado ao Concílio Vaticano II, foi sendo gestado nos anos que o antecederam, e foi apresentado como seu eixo norteador, desde sua preparação até a definição dos documentos, perpassando todas as sessões conciliares. Longe de ser um processo natural, o diálogo foi sendo aprendido e construído, às duras penas e muitas vezes de forma tensa, ao longo do Concílio, amadurecendo aquela intuição inicial de João XXIII. O resultado desse processo foi uma Igreja mais aberta aos sinais dos tempos e atenta aos anseios e problemas do mundo, que sai de si mesma para ir ao encontro da humanidade. Devido sua importância para o Concílio Vaticano II, pode-se afirmar que a noção de diálogo é uma de suas chaves hermenêuticas, marcando diversas dimensões do concílio, de forma a incluir a linguagem utilizada nos documentos conciliares. Considerados esses elementos, pode-se afirmar que o diálogo, enquanto objetivo, postura e método, foi uma importante característica do Concílio Vaticano II.
CONSELHO CIENTÍFICO
André Gustavo Di Fiore
Felipe Cosme Damião Sobrinho
Ney de Souza
Renato Arnellas Coelho
Reuberson Ferreira