Não é exagero considerar o Concílio Vaticano II como o grande e maior do século XX. No entanto, considerá-lo como período histórico de maneira genérica não nos permite compreendê-lo de maneira completa. Por isso, explorar os esquemas, as propostas, as intervenções dos padres conciliares, bem como, reavivar os primeiros, embora provisórios impactos das mudanças propostas, é enriquecedor.
O Plano de Emergência que foi elaborado antes do Concílio Vaticano II, levou os bispos brasileiros a sentirem a necessidade de um novo Plano de Pastoral que superasse a linguagem tridentina e pré-conciliar, ainda presente no Plano de Emergência, e utilizasse a linguagem teológica do Vaticano II, além de preocupar-se com rigor científico. Por isso, em iniciativa pioneira, o episcopado brasileiro deixou o Concílio com um plano de pastoral aprovado na VII Assembleia Geral Extraordinária da CNBB em Roma, durante os últimos meses do Vaticano II. Sua vigência estava prevista para os anos de 1966 a 1970. Dava-se assim um grande passo no Planejamento Pastoral do Brasil.
O Plano de Pastoral de Conjunto, de acordo com seu objetivo geral, deveria criar meios e condições para que a Igreja do Brasil se afinasse, o mais rápido possível à imagem do Vaticano II. Era uma meta audaciosa e que exigiria de toda a comunidade eclesial uma atitude de compromisso com os novos rumos que o Concílio acabava de abrir para todo o povo de Deus. Essa finalidade supunha algumas opções básicas: partir de uma tomada de consciência mais lúcida e crítica da realidade, levar em consideração o caráter processual e dinâmico da renovação da Igreja; promover a participação do povo de Deus, procurando levar todos a sentirem-se corresponsáveis pelo processo.
Assim, sob o prisma desses propósitos renovadores, fundados na experiência do Plano de emergência e no impulso proveniente do Vaticano II, o Plano de Pastoral de Conjunto formulou o objetivo geral da ação da Igreja, claramente inspirado na Lumen Gentium: “levar todos os homens a uma sempre mais plena comunhão de vida com o Pai e entre si, por Jesus Cristo, no dom do Espírito Santo, pela mediação visível da Igreja”.
Com as intervenções corajosas do Arcebispo de Botucatu, Dom Frei Henrique, centradas em um ideal de Igreja mais despojada e por isso mais capaz de dialogar com o mundo, se nota um movimento comum dos padres conciliares na direção de aprofundar a perspectiva eclesiológica, mais do que outras: estava em foco a identidade da Igreja, da qual dependeria sua missão.
Neste sentido, podemos afirmar que, os anos “agitados” do Concílio Vaticano II foram vividos com intensidade, não só pelo clero, mas também pelas comunidades eclesiais da Arquidiocese de Botucatu. Uma experiência fascinante de participação nas transformações da visão da Igreja sobre si e sobre o mundo.
CONSELHO CIENTÍFICO
André Gustavo Di Fiore
Felipe Cosme Damião Sobrinho
Ney de Souza
Renato Arnellas Coelho
Reuberson Ferreira