Atribui-se ao Ir. Clemente Isnard (1917-2011), o impulso à reforma litúrgica no Brasil. Ele é um personagem das origens do Movimento Litúrgico brasileiro, iniciado a partir de 1933. Isto definiu sua vocação à vida monástica na Ordem dos Beneditinos (1937), e posterior admissão ao episcopado (1960); também, sua atuação no Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965) e seu protagonismo nos desdobramentos pós-conciliares. Como membro do Secretariado Nacional de Liturgia da CNBB, desde a sua criação em 1962, Dom Clemente Isnard acercou-se de outros protagonistas, entre os quais, o Cônego Amaro Cavalcante de Albuquerque, que além de colaborar com o Secretariado, esteve à frente da Comissão Nacional de Música Sacra (1965-1967), especialmente, para coordenar os Encontros Nacionais de Música Sacra. Após a promulgação da Constituição sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium (1963), a Igreja no Brasil carecia de peritos em música litúrgica. As leituras e interpretações da norma conciliar permitiram o surgimento de iniciativas para fortalecimento da música litúrgica no Brasil. Sob a responsabilidade de Cônego Amaro, tem-se a implementação da renovação litúrgico-musical no Brasil, desde seu embasamento teórico-prático ao fomento de agentes para a continuidade da reflexão e da prática. Textos proferidos por Cônego Amaro, desvelam um de seus pontos de contato, a saber, a “sutil mentoria” do musicólogo Joseph Gelineau, SJ (1920-2008), que foi capaz de transformar ideias e práticas do processo iniciado no Brasil, a partir de seus escritos e pensamentos. O encontro de Cônego Amaro com os ideais de Gelineau originou-se de um sucedâneo de eventos, a saber, a tradução do Salmos e Cânticos (1952; tradução para o Brasil, 1960); o lançamento da obra Chant et musique dans le culte chrétien (1962; tradução para o Brasil, 1968); e a participação no I Congresso Internacional de Universa Laus (Groupe international d’études pour le chant et la musique dans la liturgie) em 1966, em Lugano (Suíça). Esta apropriação discursiva vai sendo progressivamente confirmada nos textos e documentos produzidos a partir da década de 1960, a denotar a influência de Gelineau e de Universa Laus sobre o pensamento e a prática litúrgico-musicais. Esta característica da renovação litúrgico-musical brasileira carece de maior aprofundamento para que se consolidem novos estudos e práticas neste campo de atuação.
CONSELHO CIENTÍFICO
André Gustavo Di Fiore
Felipe Cosme Damião Sobrinho
Ney de Souza
Renato Arnellas Coelho
Reuberson Ferreira