Este estudo examina as razões e justificativas que influenciam no processo de substituição ou persistência no uso de agrotóxicos químicos na agricultura a partir da ótica de agricultores de dois municípios, um ligado ao uso de químicos e outro que vem adotando o uso de defensivos naturais. Constata-se que as principais razões dos agricultores sobre o que os levam a substituição ou permanência do uso de defensivos químicos estão ligadas ao conhecimento sobre os defensivos naturais, o acompanhamento técnico no manejo da lavoura e a comprovação da eficácia do produto. Dois fatores estruturais parecem influenciar a opção pelos defensivos químicos: a cultura dos agricultores que fazem uso dos produtos há várias gerações e a existência de um processo estruturado de venda e incentivo dos defensivos químicos. Discute-se como esses fatores constituem uma “armadilha" econômica que faz com que o agricultor permaneça atrelado ao uso de produtos químicos e dificulta a adesão por opções mais sustentáveis de cultivo. Os resultados oferecem uma reflexão sobre formas de regulação e incentivo para a substituição dos tradicionais defensivos químicos, como a necessidade de construção de confiança sobre formas alternativas de cultivo, o oferecimento de incentivos técnico-financeiros via palestras, treinamentos e acompanhamento nas lavouras, e a adoção de uma política regulatória pautada em estimular formas mais sustentáveis de cultivo.