Este trabalho buscou analisar quais os impactos no desempenho das startups decorridos da adaptação dos seus modelos de negócios em momentos de incerteza, tais como os gerados pela pandemia da COVID-19. O objetivo deste estudo, portanto, foi analisar se, em momentos de incerteza, como os gerados por conta de uma pandemia, a adaptação do modelo de negócios se relaciona com o desempenho das startups e se tal impacto é positivo ou negativo conforme o grau da adaptação em questão. Na teoria acadêmica, o senso comum é de que adaptações nos modelos de negócios, que podem ser definidos como a arquitetura dos mecanismos de criação, entrega e captura de valor de uma empresa, são benéficas e as startups são incentivadas a adaptá-los para sobreviver. Alguns autores apontam, inclusive, que quando a incerteza no ambiente externo aumenta, o nível de orientação à inovação também tende a aumentar ou ainda que, em um ambiente de incerteza e turbulência, aumenta a importância da adaptabilidade. No entanto, apesar do grande incentivo às adaptações de modelos de negócios em resposta às mudanças, baseado na Teoria da Perspectiva, nossa hipótese é que as startups que adaptaram menos seus modelos de negócios durante a incerteza gerada pela pandemia estão associadas a um melhor desempenho. Este estudo buscou atingir os objetivos propostos por meio de uma abordagem metodológica quantitativa, cujos dados foram coletados por meio de levantamento de dados primários via questionário eletrônico fechado entre os meses de junho e agosto de 2020. Foram recebidas 453 respostas válidas de startups de todos os estados brasileiros, representando um conjunto diversificado de características demográficas, socioeconômicas e culturais. Como principal resultado desta pesquisa, observamos com significância estatística que as startups que adaptaram menos seu modelo de negócios nas dimensões de Criação e Captura de valor estão associadas ao melhor desempenho, com uma maior relação na dimensão de Captura de valor. Por fim, os resultados deste trabalho i) contribuem com os estudos de estratégia empresarial que se apoiam na Teoria da Perspectiva para indicar que existe uma relação entre a tomada de risco dos gestores de empresas e a perspectiva destes quanto ao cenário em que estão inseridos; ii) demonstram que o senso comum sobre a necessidade e os impactos positivos das adaptações de modelos de negócios das startups pode não ser verdadeiro em alguns cenários, como foi o caso do contexto de incerteza gerado pela pandemia da COVID-19; e iii) possuem alto potencial mercadológico e aplicações sociais, apoiando, por exemplo, órgãos governamentais e entidades de apoio, além dos gestores de startups, que podem refletir de forma mais fundamentada sobre as estratégias de adaptação de seus modelos de negócios em diferentes cenários.
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