A discussão sobre a paridade de gênero nas instituições, sejam elas públicas ou privadas, é necessária e atual. No entanto, apesar de existirem avanços, ainda se sabe pouco sobre se e como a participação das mulheres leva a resultados concretos para esse gênero. Este estudo tem por objetivo entender se a representação paritária (via obrigatoriedade legal) entre mulheres e homens nos conselhos de políticas públicas, pode contribuir para que sejam levadas para o debate pautas e interesses do grupo mais amplo de mulheres e incluídas no processo decisório sobre as políticas públicas. Para cumprir com esse objetivo foi feito um estudo de caso único e integrado, que analisa a dinâmica, antes e após a implementação de uma lei de paridade de gênero, em três conselhos de políticas públicas do município de São Paulo. As análises indicam que apenas garantir que as mulheres façam parte dos conselhos não torna, necessariamente, os resultados mais representativos dos interesses desse grupo. Fatores como a institucionalização do processo participativo, oferta de capacitação, histórico de participação e capital social e político, influenciam na forma como as mulheres participam desses espaços e levam suas pautas adiante. Além disso, apesar de representarem pelo menos 50% dos membros desses órgãos colegiados, as mulheres continuam enfrentando barreiras para assumir posições de liderança dentro desses espaços. Esta pesquisa contribui para a literatura de burocracia representativa, de gênero e de instituições participativas, uma vez que ajuda a entender como aumentar a representação de mulheres pode tornar esses espaços mais representativos para esse grupo e quais os fatores podem atuar como moderadores dessa representatividade.
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