Nesse trabalho, analisamos a contínua expansão das operações de fusões e aquisições no setor da saúde, em um país que se baseia em um sistema híbrido com a atuação de empresas públicas e privadas. A inexistência de políticas públicas eficientes, podem gerar um cenário de intensa mercantilização da saúde, favorecendo o crescimento do mercado privado, em detrimento aos pressupostos constitucionais. O objetivo deste trabalho é, portanto, analisar os atos de concentração econômica realizados por hospitais e planos de saúde no período de 2009 a 2019. Foi realizada uma pesquisa documental nos volumes dos processos de atos de concentração econômica disponibilizados no site do CADE. No período estudado foram identificadas 142 operações, com uma média de 13 por ano. Verificou-se que as operações não se limitam a empresas do mesmo segmento, mas inclui um intenso processo de integração vertical envolvendo hospitais e planos de saúde. A realização destas operações, principalmente com o foco na expansão, diversificação, aumento de capital, ganhos de escala e entrada de investimentos estrangeiros, podem apontar para uma abordagem que coloca o lucro e a eficiência econômica como prioridades, o que pode levar a uma ênfase excessiva no aspecto financeiro em detrimento da qualidade e equidade no acesso aos cuidados de saúde. É latente, a busca pela tomada de poder de mercado no setor de saúde pelos grupos econômicos. A não imposição de limites a esses grupos que se formaram e se organizam cada vez mais rápido, afetará as políticas de saúde.
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