O presente estudo teve como propósito investigar a Educação Empreendedora desenvolvida de maneira extracurricular nas Escolas Técnicas Estaduais de São Paulo, verificando, nesse contexto, em que medida as atividades empreendedoras extensionistas influenciam na intenção de empreender dos estudantes das séries e módulos finais, considerando os traços de personalidade e a existência de negócios na família. Para tanto, foi necessário abordar aspectos mais específicos relativos as atividades extensionistas criadas pela própria Escola Técnica (Etec) e outras atividades oriundas de parcerias com instituições públicas, privadas ou organizações da sociedade civil voltadas ao desenvolvimento do empreendedorismo. A lacuna teórica encontrada na literatura nacional e internacional nesta temática permite reconhecer que a presente pesquisa traz uma contribuição aos gestores das escolas de nível médio, em particular às equipes acadêmicas e pedagógicas, no que se refere ao potencial da oferta de atividades empreendedoras extracurriculares no efetivo desencadeamento da intenção de empreender dos estudantes, não se restringindo ao ensino ou à pesquisa sobre empreendedorismo. Desvelar tal realidade exigiu um olhar atento que permitiu ponderar quais os traços de personalidade dominantes nos indivíduos que apresentam a intenção de empreender. Assim sendo, os objetivos deste trabalho desdobram-se em: (i) identificar qual traço de personalidade tem maior influência sobre a intenção de empreender, (ii) verificar se a Educação Empreendedora extracurricular tem influência na relação entre traços de personalidade e intenção de empreender e (iii) analisar a influência da existência de negócios na família na intenção de empreender dos estudantes. O alvo desta pesquisa situa-se, assim, na convergência entre os traços da personalidade e a decorrente intenção de empreender dos estudantes. Por meio da análise multivariada de dados e modelagem de equações estruturais foi verificada a influência dos traços de personalidade, da educação empreendedora extracurricular e da existência de negócios na família na intenção de empreender dos estudantes. Constatou-se que todos os traços de personalidade considerados (Abertura a Novas Experiências, Amabilidade, Conscienciosidade, Extroversão e Neuroticismo) mostraram relação estatisticamente significante com a Intenção de Empreender dos alunos que participaram da pesquisa. Enquanto Abertura a Novas Experiências, Conscienciosidade e Extroversão apresentaram maiores coeficientes, denotando uma forte influência na intenção de empreender, os traços Amabilidade e Neuroticismo, embora também tenham mostrado efeito positivo, apresentaram menor poder de explicação, ou seja, uma fraca influência, como esperado. A influência das atividades empreendoras extracurriculares sobre a intenção de empreender, medida por Análise de Regressão Simples, apresentou uma relação positiva e significante, permitindo concluir que a participação dos estudantes nas atividades de Educação Empreendedora Extracurricular tem poder de predição e significância na intenção de empreender.
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