A pandemia do COVID-19 foi uma surpresa para todos, e isso não é novidade. Em nenhum momento de nossa história foi presenciado um acontecimento desta magnitude dentro das circunstâncias de globalização e desenvolvimento econômico que nos encontramos, o que impactou a sociedade como um todo e trouxe diversos desafios para a cadeia de produção mundial. No Brasil, mesmo sem grande apoio do Estado, empreendimentos foram obrigados a interromper suas atividades e medidas de restrição e contenção da doença foram impostas, o que dificultou a comercialização de produtos e serviços, fazendo com que muitos negócios viessem a fechar permanentemente e forçando empreendedores a se reinventarem para sobreviver, principalmente aqueles donos de micro e pequenas empresas. A falsa sensação de liberdade e autonomia passada pelo empreendedorismo mascara a falta de apoio que esses pequenos negócios recebem do Estado, além de se tornarem reféns do mercado, uma vez que que a sociedade na qual estamos inseridos é caracterizada por sua natureza capitalista. Assim, a formulação estratégica em um momento delicado como esse é imprescindível quando se trata da diferenciação para gerar vantagem competitiva e sobreviver. Dessa forma, o presente estudo discute os efeitos da pandemia do novo Coronavírus sobre os empreendimentos, dando foco às estratégias competitivas adotadas por micro e pequenas empresas para sobreviver à crise. Portanto, foi realizado um estudo empírico com empreendedores donos de MPE’s, com uso de entrevistas, para que se pudesse compreender mais a fundo os desafios enfrentados por eles e as soluções encontradas para se manterem no mercado. Apesar de existir uma visão comum sobre o empreendedor como uma pessoa criativa, adaptativa, persistente e que sabe lidar e solucionar problemas, a maior parte dos entrevistados não se enxerga como um empreendedor por completo. Citando erros e acertos de suas trajetórias, todos revelam pontos a melhorar. Muitos dos entrevistados identificaram o poder de parcerias e das compras de suas matérias primas como fator fortalecedor da economia local e nacional. Apesar disso, grande parte não chegou a refletir sobre suas obrigações tributárias em questão de impacto econômico, mesmo não havendo retornos que os proporcionaram estabilidade e segurança suficientes. Em suas estratégias, a maior parte demonstrou planejar e realizar ações mantendo um padrão, uma constância, desde o início do negócio, de forma a também pensar em realizações e mudanças futuras, idealizando um plano. Todos citam uma boa relação e imagem perante aos seus clientes, fornecedores e ao mercado como um todo. Essa pesquisa, portanto, se fez de extrema importância para compreender os impactos da pandemia sobre alguns empreendimentos e sobre as decisões tomadas pelos seus empreendedores para sobreviverem e se reinventarem disruptivamente. Por fim, compreendeu-se que as expectativas de cada empreendedor são individuais e idealizadas diferentemente, assim como os meios para alcançá-los, uma vez que a maior parte dos conhecimentos necessários para alavancar os negócios é terceirizado ou lentamente procurado.
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