A mobilidade urbana pode representar um indicador de desigualdade social. O acesso deficitário a bens e serviços, provocado pela dificuldade nos deslocamentos diários nas cidades, agrava desigualdades já existentes. Chamado de segregação socioespacial, este fenômeno pode decorrer de inúmeros fatores, como a separação de classes no espaço urbano, o controle da produção deste espaço por classes altas, ou até mesmo pelas características inerentes ao sistema econômico vigente (Roma, 2008; Negri, 2008; Carlos (2020). Mesmo tendo sido objeto de observação na academia, esta relação entre mobilidade urbana e desigualdade social ainda é pouco tratada no município de Florianópolis, especificamente em comunidades isoladas, como na região sul da Ilha de Santa Catarina. Sendo assim, esta pesquisa, de caráter qualitativo-interpretativo e descritivo, utilizou entrevistas com moradores da localidade, buscando compreender como a falta de transporte coletivo afeta os moradores dos bairros Costa de Cima e Costa de Dentro. A análise partiu da fala dos moradores da relação de acesso ao transporte público com alguns indicadores de desigualdade social, como a educação, renda, trabalho e saúde, dentre outros aspectos. Verificou-se a existência problemas ligados à falta de horários e de linhas nas localidades, que atendam de forma adequada aos moradores, o que provoca dificuldade de acesso às oportunidades de ensino e trabalho, além de obrigar que a maioria dos entrevistados recorram a outros meios de locomoção, seja, por exemplo, para fazer compras de alimentos ou ter momentos de lazer, o que impacta na qualidade de vida dos moradores destas localidades.