A origem de feiras livres remonta às sociedades antigas. Essas feiras, em geral, assumem a forma de malhas e coletivos sociais de pessoas que se identificam socialmente como feirantes. O objetivo desta pesquisa é analisar por quem e a partir de quais fazeres e práticas organizativas essa feira é construída e sobrevive, semanalmente há mais de 20 anos. O estudo foi fundamentado em estudos sobre feiras livres, estudos sobre práticas organizativas no campo da gestão e estudos sobre representações sociais do campo da psicologia social. Quanto aos procedimentos metodológicos, tanto a coleta quanto a análise do material de pesquisa foram conduzidas pelo método de pesquisa narrativa, a partir de uma abordagem qualitativa, empírica e reflexiva. Para a coleta de dados foram realizadas entrevistas, registro fotográfico (montagem, exposição das mercadorias e desmontagem). Os resultados mostram: (a) a trajetória e os saberes dos feirantes sobre a sua experiência com uma feira livre; (b) os fazeres e as práticas estratégico/organizativas dos feirantes para a sobrevivência da feira; e (c) as interações sociais entre feirantes, moradores do bairro, frequentadores da feira e gestores municipais. Esta pesquisa contribui com o estudo de micro práticas estratégicas ao mostrar a sobrevivência e a reinvenção das feiras livres na sociedade contemporânea, que busca a sustentabilidade econômica, sociocultural e ambiental.