Este artigo investiga uma possível relação entre a remuneração de executivos via opções de ações e a recompra de ações no Brasil. A literatura mostra que a decisão de remunerar os acionistas via dividendos ou recompras pode ser explicada com base em diversas teorias, como a sinalização, a flexibilidade e, também a Teoria da Agência, segundo a qual as recompras podem ser usadas de forma oportunista pelos gestores para maximizar a sua própria riqueza. Especificamente, quando gestores são remunerados via opções de ações, as recompras tendem a ser acompanhadas com um aumento do preço da ação, assim, os gestores recorrem a elas para lucrar mais exercendo as suas opções futuramente. Com informações de 2018 a 2022 e uma abordagem empírica baseada em dados em painel, aferiu-se que empresas que incluem programas de incentivo baseados no valor das ações na remuneração da gestão realizaram, em média, maiores valores de recompras, mesmo após controlar por características das ações e das empresas, incluindo efeitos fixos. Não se encontrou significância estatística para o valor de recompra por ação e para o percentual de recompra em relação ao lucro líquido. Assim, os resultados são coerentes com a hipótese de que gestores usam as recompras também para benefício próprio.