O campo do empreendedorismo feminino tem ganhado relevância nas últimas décadas, refletindo uma mudança significativa no panorama empresarial anteriormente dominado por homens (Silva et al., 2019; Amorim & Batista, 2011). Neste cenário, este estudo teórico busca compreender os imbricamentos do empreendedorismo de mulheres negras, suas vivências, desafios e as políticas públicas existentes, utilizando o materialismo histórico dialético como aporte teórico. A teoria da lacuna de gênero destaca as disparidades no acesso a recursos financeiros e redes de contatos, impactando diretamente o sucesso das empreendedoras (Bardasi et al., 2011; Elam et al., 2019). O histórico de marginalização e estereotipagem também contribui para a perpetuação de barreiras estruturais que afetam negativamente as trajetórias empreendedoras das mulheres negras. Essas dificuldades são manifestações das contradições e tensões presentes nas estruturas econômicas e sociais, que, de acordo com o materialismo histórico-dialético, são produtos de um sistema que perpetua desigualdades estruturais. Portanto, vale salientar a adoção de políticas públicas e iniciativas privadas voltadas para a promoção da equidade de gênero e racial em prol de um ambiente mais inclusivo (Camargo et al., 2010; Becker-Blease & Sohl, 2007).