Este artigo perscruta a implementação do Programa Micro Empreendedor Individual e os reflexos desta para trabalho das mulheres que atuam em facções de confecções, no Polo de Confecções do Agreste Pernambucano. O Polo encontra-se no Nordeste brasileiro, atuando em atividades produtivas, comerciais e de serviços, sendo as facções uma de suas principais unidades produtivas, englobando os municípios de Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, estendendo-se por outros 07 (sete) municípios do Agreste (conformando o denominado Polo-10), atuando em atividades produtivas, comerciais e de serviços, sendo as facções uma de suas principais unidades produtivas. As facções são unidades produtivas caracterizadas por serem subcontratadas de fábricas e fabricos, dedicando-se a executar apenas uma parte da produção. Estas representam cerca de 43% das unidades produtivas existentes no Polo-10. Importante destacar que cerca de 80% das unidades produtivas são informais e que as facções têm um percentual ainda maior, chegando a 93%, de informalidade. Estas se caracterizam por serem subcontratadas, dedicando-se a apenas uma parte da produção e podem se diferenciar entre em si de acordo com o tamanho (nº de trabalhadores (as), de máquinas e volume de produção), formalização, processo produtivo que executa, podendo ser familiar, domiciliar, industrial ou artesanal. Nosso lócus de análise situa-se mais precisamente nas três principais cidades do Polo, Caruaru, Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, por ter a confecção como peça fundamental de seu desenvolvimento, articulando de modo inextricável a manutenção do alto grau de informalidade, o trabalho em domicílio como elemento fulcral e o trabalho produtivo e reprodutivo das mulheres como indispensável. A divisão sexual do trabalho é categoria utilizada para compreender como historicamente os princípios de separação e hierarquia consolidaram uma concepção de trabalho centrado no humano universal, o homem, impelindo as mulheres ao fosso do trabalho precário, parcial e desprotegido, que se configuram como características fundantes do Polo. Não se pode olvidar que as mulheres tiveram (e retêm) um relevante papel no desenvolvimento da confecção no Polo, pois a atividade de costurar, considerada [socialmente] como característica feminina, desenvolvida no âmbito dos pequenos empreendimentos de base familiar, funciona como pilar principal de sustentação deste desenvolvimento econômico. A implementação do Programa MEI neste contexto tornou necessário a análise acerca das possibilidades de reconfigurações do trabalho, sobretudo no concernente a divisão sexual do trabalho e as desigualdades de gênero. O MEI se configura como uma das faces das políticas de ativação ao mercado de trabalho, o empreendedorismo. Esta tem sido umas das alternativas cunhadas pelos governos frente ao desemprego estrutural e o aumento vertiginoso da informalidade, sobretudo pós-1970. Não se trata de uma sociedade pós-capitalista, do emergir de um novo modo de produção, mas de um novo paradigma de mistificação da relação capital/trabalho, com base na negação do assalariamento. Contra a crise estrutural do capital e seus rebatimentos, o remédio imposto pelo Estado é o auto emprego. Há, a partir daí um aprofundamento do escopo em desenvolver nos/as trabalhadores/as o “espírito empreendedor”. A individualização é convocada como solução de problemas de ordem estrutural, sendo cada indivíduo responsável pela sua inserção na esfera produtiva no interior do capitalismo. O empreendedorismo teria assim a habilidade de operar acordos entre todas as partes interessadas: inventores, parceiros, capitalistas, trabalhadores. Sendo este uma estratégia do capital viabilizada pelo Estado (criando o aparato legal), que obscurece a relevância do trabalho, pois o assalariamento continua sendo a base da relação capital, sendo o empreendedorismo um novo paradigma gerador de mais-valia no contexto hodierno. As mudanças trazidas pós reestruturação produtiva para o mundo do trabalho apontavam a informalidade como fundamental para a redução dos custos de produção, o que funcionou até a insuficiência dos postos de trabalho formal. A tônica agora é superar a ausência de trabalho formal, tornar a força de trabalho em uma empresa. O Programa Microempreendedor Individual (MEI), criado em 2008 e apresentado como programa de fomento à formalização das relações de trabalho, combatendo assim a informalidade e o desemprego. O Programa tem foco nos/as trabalhadores por conta própria e tem atualmente cerca de 8 milhões de empreendedores/as registrados/as. Este é o programa de formalizações que tem maior incidência no Polo de Confecções do Agreste Pernambucano. Sob a gerência e execução do SEBRAE – Caruaru tem sido um dos elementos do Projeto de “modernização” do Polo, com foco no combate a cultura da informalidade local. Neste contexto, em que pese o Polo de confecções do Agreste Pernambucano haver emergido a partir de ações autônomas com foco na sobrevivência, às margens da intervenção do estado, com lastro histórico balizado pela informalidade, sustentado por relações precárias de trabalho, sobretudo, em âmbito domiciliar e fazendo uso da força de trabalho das mulheres, importa-nos compreender quais os pontos de contato deste, com estas conjunturas e transformações nacionais e globais, que informam sobre a informalidade e a precarização do trabalho e, como o empreendedorismo tem refletido nas condições de trabalho das mulheres que atuam em facções no Polo de confecções do Agreste Pernambucano. Trata-se de pesquisa bibliográfica, documental e de campo.
Os Anais do Observatório do Mercado de Trabalho no Maranhão têm o propósito de publicar os trabalhos apresentados nos Encontros do OMT-MA, evento bianual que teve sua primeira edição realizada em julho de 2016 no Campus de São Luís da Universidade Federal do Maranhão.
O OMT-MA é uma iniciativa do Grupo de Pesquisa Trabalho e Sociedade, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFMA, em parceria com o Ministério do Trabalho e Emprego.
Os encontros do OMT-MA têm os seguintes objetivos:
• Debater estudos sobre o mercado de trabalho e as políticas públicas de geração de emprego e renda;
• Analisar as características regionais do mercado de trabalho;
• Incentivar pesquisas e realizar o acompanhamento periódico dos indicadores sobre o mercado de trabalho;
• Proceder à interlocução com instituições de estudo e pesquisas e centros produtores de estatísticas, cujas ações estejam voltadas para o mercado de trabalho
Normas para Publicação dos Artigos nos Anais
1. O(a) proponente deverá enviar o resumo de sua proposta (até 1.200 caracteres) no prazo estabelecido pela organização do evento.
2. Depois da aprovação do resumo, os(as) autores(as) devem enviar o trabalho completo, dentro do prazo estipulado;
3. Os trabalhos submetidos poderão ser em co-autoria de até 4 autores;
?4. Os trabalhos serão submetidos no período determinado pelo Organização do evento com as informações de autoria, resumo e documento com artigo completo;
5. Somente serão aceitos e encaminhados para avaliação os artigos formatados de acordo com as seguintes regras:
5.1) Formatação: tamanho A4 (29,7 x 21 cm); orientação de papel: retrato; margens: superior e esquerda 3cm, inferior e direita 2cm; formatação: Times New Roman ou Arial, letra tamanho 12 no corpo do texto e espaçamento 1,5 (exceto para citações diretas longas, fontes e legendas de ilustração, fonte tamanho 10). Recuo parágrafo 1,5 (exceto citações diretas, 4cm). Mínimo de 8 e máximo 20 páginas, incluindo quadros, tabelas, gráficos, ilustrações, notas e referências bibliográficas. Paginação: canto superior direito.
5.2) Apresentação primeira página: Título e subtítulo em letra maiúscula, se houver. Resumo em português e palavras-chave. Início do texto de forma contínua.
?5.3) Resumo: deve abordar o assunto, objetivos, metodologia, resultados e conclusão; de 3 a 5 palavras-chaves, com no máximo 300 palavras e em espaçamento simples. E a palavra resumo no início em negrito.
?6) Para as referências aos autores feitas a partir de citações ao longo do texto, devem ser aplicadas as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), especificamente: NBR 10520/2002.
Destacamos que:
?6.1) As referências aos autores feitas entre parêntesis ao longo do texto devem seguir a seguinte padronização: o sobrenome do autor deverá ser escrito em caixa alta, seguido do ano da publicação e, no caso de citações literais, também o número da página da qual foi extraída. Para os casos de referências com até três autores, separar os sobrenomes com ponto e vírgula. Para acima de três autores, fazer referência somente ao sobrenome do primeiro autor seguido de “et al.” Por exemplo: (MONTEIRO, 1988); (MONTEIRO; VILHENA; CAVALCANTE, 1995); (MONTEIRO et al., 1999).
6.2) As citações literais com mais três (3) linhas deverão vir destacadas em blocos e recuadas, em fonte 10, sem aspas e espaçamento simples.
6.3) Referências: A entrada de autores nas Referências (no final do artigo) deverá ser idêntica àquela feita para as citações no texto e deverá, igualmente, seguir as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT): NBR 6023/2002.
7) Após submissão é vedada qualquer alteração, correção ou inclusão de conteúdo autoria;
?8) Os artigos serão avaliados por pareceristas, seguindo os seguintes critérios:
8.1) Adequação da área temática ao conteúdo do artigo;
8.2) Problematizarão, objetivos e métodos apresentados de forma clara e bem definidos;
8.3) Se o desenvolvimento do texto tem sustentação teórica;
8.4) Estrutura lógica e adequada a um artigo científico;
8.5) Adequação às normas de submissão;
8.6) Atualidade e relevância do estudo;
8.7) Conclusão responde ao proposto nos objetivos.
?9) Os trabalhos aprovados para apresentação oral serão divulgados pela data estabelecida pela Organização do Evento;
?10) Os autores dos trabalhos selecionados deverão, obrigatoriamente, inscrever-se no evento.
?11) A apresentação dos artigos terá duração de 20 minutos, podendo ter debate na sequência das apresentações ou ao final de todas as apresentações, conforme decidir o/a coordenador/a da sessão;
12) Os certificados de apresentação de trabalhos serão disponibilizados apenas aos apresentadores presentes e que assinarem a lista de presença;
?13) Serão disponibilizados recursos audiovisuais para as apresentações (computador e projetor);
14) Quaisquer dúvidas sobre esse edital deve ser enviada para o e-mail
Comissão Organizadora
OMT Maranhão - Grupo de Pesquisa Trabalho e Sociedade (GPTS/UFMA)
Comissão Científica
Profa. Dra. Raquel Noronha (PPGDg/UFMA)
Prof. Dr. Mário Henrique Guedes Ladosky
Prof. Dr. Rodrigo Salles Pereira dos Santos
Prof. Dr. José Ricardo Ramalho (PPGS/UFRJ)
Prof. Dr. Raphael Jonathas Lima (PPGS-UFF)
Profa. Dra. Camila Machado Sampaio (PPGCSOC/UFMA)
Profa. Dra. Marly de Jesus Sá Dias (PPGPP/UFMA)
Prof. Dr. Juarez Carvalho Filho (PPGCSOC/UFMA)
Prof. Dr. Eugênio Pereira (LAEPT/UFPB)
Profa. Dra. Flávia Moura (PPGCOM/UFMA)
Prof. Dr. Marcelo Sampaio Carneiro (PPGSOC/UFMA)
Prof. Dr. Paulo Keller (PPGCSOC/UFMA)
Profa. Dra. Raquel Noronha (PPGDg/UFMA)
Profa. Dra. Ana Márcia (UFPE/Campus Caruaru)
Prof. Dr. José Aderivaldo da S. Nóbrega (TDEPP/UFCG)
Prof. Dr. Marcelo Sampaio Carneiro (PPGCSOC/UFMA)
Prof. Dr. Cristiano Fonseca Monteiro (PPGS-UFF)
Prof. Dr. Tadeu Gomes Teixeira (PROFNIT/UFMA)
E-mail: omtmaranhao@gmail.com
Edições anteriores podem ser acessadas no seguinte endereço : https://omtmaranhao.wixsite.com/anaisdoomtma