INTRODUÇÃO: A desnutrição é um estado no qual uma deficiência ou desequilíbrio de energia, proteínas e/ou outros nutrientes provoca efeitos adversos significativos na composição corporal e tecidual e nos desfechos clínicos e funcionais. Em crianças hospitalizadas, é considerada um fator de risco para prognósticos desfavoráveis, tempo de internação prolongado, atraso de recuperação e maiores custos relacionados aos cuidados em saúde. Nesse contexto, a utilização de triagens nutricionais validadas para o público pediátrico, como a STRONGkids, destaca-se como um processo de identificação precoce das características que se sabe estarem associadas a problemas dietéticos ou nutricionais. OBJETIVO: Identificar a prevalência de risco nutricional em crianças hospitalizadas e verificar sua associação com o índice de massa corporal ajustado para a idade (IMC/I). METODOLOGIA: Estudo transversal realizado com amostra representativa de crianças internadas em um hospital público de Recife-PE no período de Março a Agosto de 2018. A pesquisa foi previamente aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco, sob número CAAE: 82589817.6.0000.5208. Foram incluídos pacientes pediátricos, de ambos os sexos, com faixa etária entre 1 mês de vida e 10 anos de idade, cujos pais ou responsáveis concordaram com a participação na pesquisa, mediante a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. A ferramenta de triagem STRONGkids foi utilizada para identificação do risco nutricional, sendo o paciente classificado conforme suas pontuações em risco baixo, se pontuação igual a zero, risco médio, se pontuação entre 1 e 3, e risco elevado, se pontuação entre 4 e 5 (HULST, 2010). O IMC foi obtido através de fórmula pré-estabelecida e todas as crianças avaliadas foram classificadas de acordo com a curva de IMC/I (OMS, 2007). As análises estatísticas foram realizadas no programa SPSS versão 13.0 para Windows, sendo consideradas associações estatisticamente significantes aquelas com p<0,05. RESULTADOS: A amostra foi composta por 266 crianças, sendo 40,2% do sexo feminino (n=107) e 59,8% do sexo masculino (n=159), apresentando idade mediana de 2,1 anos (Intervalo Interquartílico=0,4-5,4). A triagem nutricional identificou 61,3% (n=163) de pacientes com baixo risco, seguido por 38,7% (n=103) de crianças com risco médio/elevado. Os resultados demonstraram 70,3% (n=187) de indivíduos eutróficos, segundo o IMC/I, sendo ainda observado um percentual de 25,2% (n=67) de crianças com excesso de peso e 4,5% (n=12) foram diagnosticados com desnutrição. Houve associação estatisticamente significante da triagem STRONGkids com o IMC/I, onde as crianças identificadas com baixo risco pela triagem também foram aquelas eutróficas ou com excesso de peso pelo IMC/I (p=0,026). CONCLUSÃO: O presente estudo identificou uma prevalência importante de crianças com baixo risco nutricional, segundo a STRONGkids, sendo evidenciada significância estatística da triagem com o IMC/I, achado que reflete uma associação entre os métodos. Estudos que avaliem a relação/concordância da triagem com outros parâmetros antropométricos objetivos são necessários para auxiliar na identificação de métodos práticos para identificação precoce de desvios nutricionais em crianças hospitalizadas.
Comissão Organizadora
Fabio Bruno Neves
Comissão Científica