Objetivo: Investigar a associação entre a inadequação alimentar, o consumo de ultraprocessados e o desenvolvimento da obesidade infantil em crianças de 6 a 23 meses. Metodologia: Estudo transversal com dados de crianças de 6 a 23 meses coletados no município de Pão de Açúcar- AL pelo projeto intitulado “Avaliação da gestão e operacionalização dos Programas Nacionais de Suplementação de Ferro e de Vitamina A e a relação com o estado nutricional de crianças de 6 a 23 meses em municípios do estado de Alagoas”. Para avaliar a inadequação alimentar e o consumo de ultraprocessados foi aplicado um questionário de frequência alimentar com perguntas sobre a alimentação da criança referentes às últimas 24 horas que antecederam a entrevista. Para análise do critério de inadequação alimentar, houve avaliação do consumo dos seis grupos alimentares principais (frutas, hortaliças, carnes e ovos, leguminosas, leite e derivados, cereais e tubérculos). Já para o consumo de ultraprocessados, foram analisados a ingestão de açúcar adicionado, sucos industrializados, refrigerantes, embutidos, macarrão instantâneo, guloseimas, biscoitos ou salgados nas últimas 24h. O diagnóstico nutricional foi obtido por meio da antropometria, foi utilizado o índice de massa corporal (IMC)-para-idade e os resultados foram comparados com pontos de corte da Organização Mundial de Saúde (OMS/2006). Resultados: A maioria das crianças apresentou inadequação na introdução alimentar, onde somente 44,2% apresentam variedade adequada, dentre os 6 grupos alimentares avaliados, o mais consumido foi o de leite e derivados (98,21%), já o grupo de hortaliças (verduras e legumes) foi o menos consumido (60%). A maioria das crianças (87,95%) ingeriram precocemente os ultraprocessados, dentre estes, os mais consumido foram os biscoitos e bolachas (80,36%), seguidos por confeitos e balas (38,39%), e açúcar adicionado a bebidas e preparações (37,5%), sendo o consumo de sucos industrializados (9,82%) e refrigerantes (14,73%) os mais baixos. Quanto ao diagnóstico nutricional, apenas 2,68% encontram-se com desnutrição aguda. Porém, 35,37% das crianças apresentam risco de sobrepeso ou já estão com excesso de peso. Conclusão: Esta pesquisa demonstrou que, entre crianças de 6 a 23 meses, houve uma alta prevalência do consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) e baixa variedade alimentar, sugerindo risco elevado para o desenvolvimento de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis.
Comissão Organizadora
Fabio Bruno Neves
Comissão Científica