Segundo dados da Organização Mundial da Saúde , a prevalência de obesidade no mundo triplicou desde 1975. Em 2016, a estimativa era de que 40% das mulheres do mundo apresentavam excesso de peso, e destas, 15% eram obesas. Atualmente, a obesidade é um dos problemas obstétricos mais comuns e essa condição acarreta em consequências para a saúde materna e do recém-nascido. ????Os recém-nascidos de mulheres obesas possuem o risco elevado de morbimortalidade em comparação com recém-nascidos de mulheres eutróficas. Tal aumento de desfechos perinatais adversos são consistentes ao aparecimento de doenças à longo prazo, como a obesidade infantil e diversas disfunções metabólicas que podem ser repercutidas na vida adulta. Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo identificar e quantificar na literatura científica os desfechos perinatais adversos como resultados de gestações de mulheres obesas que foram publicados até o momento. Tratou-se de uma revisão sistemática. A busca dos artigos ocorreu em setembro de 2018, utilizando a base de dados PubMed (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed). Foram incluídos artigos de estudos observacionais e ensaios clínicos publicados até o momento sem nenhuma restrição de tempo, que abordaram a relação da obesidade de mulheres adultas com idade superior a vinte anos e seus desfechos perinatais. Os artigos incluídos estavam em língua portuguesa, inglesa ou espanhola. Foram excluídos os artigos de revisão. Para a realização da busca foram utilizado os seguintes descritores: Pregnancy; Obesity e Perinatal outcomes. Foram encontradas 541 ocorrências na base de dados, sendo incluído nesse estudo 61 artigos. Como somatório dos artigos selecionados foram analisadas 675410 mulheres. Nestes, foram identificados 15 desfechos perinatais adversos distintos que se associaram com a obesidade materna, sendo os mais prevalentes a necessidade parto cesárea e a macrossomia, que apareceram em 32 (52,46%) e 31 (50,82%) artigos cada, respectivamente. Tais desfechos foram seguidos por recém-nascido grande para idade, admissão na uti neonatal e nascimento pré-termo, sendo associados com a obesidade materna em 19 (31,15%), 17 (27,87%) e 16 (26,23%) dos artigos, respectivamente. Os demais desfechos perinatais adversos apareceram em menos de 15% dos artigos foram: distocia do ombro, malformação congênita, mortalidade neonatal, aspiração de mecônio, sofrimento fetal, natimorto, desordens metabólicas, apgar baixo, complicações respiratórias e baixo peso ao nascer. Além disso, vale ressaltar que 42 (68,85%) artigos encontrados relataram usarem uma amostra de mulheres com portadoras de diabetes e hipertensão, sendo de forma conjunta ou não, o que pode ter corroborado com diversos desfechos encontrados. No entanto, deve-se ter em mente que a presença de obesidade é um fator de risco para síndromes hipertensivas e diabetes na gestação, sendo assim difícil de desassociar a exposição com o desfecho. Em suma, pode-se concluir que a obesidade materna aumenta os riscos a saúde dos recém-nascidos, tanto em relação a quantidade de desfechos adversos possíveis, quanto à sua morbimortalidade. Assim, se faz necessário o planejamento e execução de terapias nutricionais e políticas públicas eficientes para o tratamento e, principalmente, para prevenção da obesidade de mulheres em idade fértil.
Comissão Organizadora
Fabio Bruno Neves
Comissão Científica