Introdução: As mudanças comportamentais ocorridas durante as últimas décadas, tais como a diminuição do nível de atividade física e o aumento do consumo de alimentos ricos em calorias, impulsionaram o processo da transição epidemiológica, caracterizado por diminuição da prevalência de doenças infecciosas e aumento das crônicas não transmissíveis, dentre elas a obesidade, a qual apresenta proporções pandêmicas atualmente (LIMA, 2017). Estudos populacionais demonstram que a escolaridade materna atua como um forte preditor do excesso de peso em adolescentes, onde o menor nível de escolaridade materna determina uma maior prevalência do desfecho nos indivíduos jovens. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar a associação entre o excesso de peso e a escolaridade materna em adolescentes em fase puberal na cidade do Recife-PE. Material e métodos: Estudo seccional com amostra complexa, englobando 741 adolescentes púberes, entre 12 e 17 anos, matriculados em escolas públicas e privadas, participantes do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA) em Recife-PE. Foram obtidos o peso e a altura e o estado nutricional foi classificado de acordo com o padrão de referência recomendado pela OMS (WHO, 2007) e pelo Ministério da Saúde (MS) (BRASIL, 2008), onde adolescentes com índice de massa corporal para idade (IMC/I) ? +1 escore-z foram classificados com excesso de peso. A escolaridade materna foi dicotomizada em £ ou > 8 anos de estudo. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco (CAAE: 05185212.2.2002.5208) e todos os adolescentes e seus responsáveis assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. As análises estatísticas foram conduzidas no STATA/SE versão 14.0 com uso do módulo Survey, considerando-se o p-valor ?0,05 para rejeição da hipótese de nulidade. Resultados: Dos indivíduos analisados 50,4% eram do sexo masculino, 64% estavam matriculados em escolas públicas e 54,4% eram alunos do ensino fundamental. Quanto ao excesso de peso, a prevalência foi de 26,6% de jovens com o desfecho e 32,5% dos adolescentes tinham mães com escolaridade £ 8 anos de estudo. A maior escolaridade materna (>8 anos) determinou um maior percentual de excesso de peso nos adolescentes avaliados, com significância estatística entre as variáveis (p=0,041). Conclusão: A escolaridade materna foi fator que pareceu determinante para o excesso de peso de adolescentes no presente estudo, sendo evidenciado um maior percentual do desfecho naqueles estudantes com mães de maior escolaridade. Tal achado pode indicar que a maior escolaridade e um possível melhor poder aquisitivo dos pais leva à obtenção de produtos alimentares de baixa qualidade nutricional, permitindo um ganho de peso excessivo nos indivíduos jovens.
Comissão Organizadora
Fabio Bruno Neves
Comissão Científica