No presente simpósio pretendemos discutir as diferentes ideias políticas que pairavam no contexto do final do século XIX e inicial do século XX, momento esse de ruptura política e institucional, em que as ideias e a atuação dos intelectuais são elementos fundamentais para compreensão do ambiente social e político do período de Crise do Império e advento da República. Para tal, a análise do pensamento político e social de alguns autores mostra-se como um caminho profícuo de análise e pesquisa, na medida em que, ao entendermos como os intelectuais lidavam com as ideias e as traziam para o debate político, podemos compreender como se davam as apropriações e significações que concediam a determinados problemas e questões latentes em sua época. Sendo assim, percebe-se que a atuação dos intelectuais brasileiros estava atrelada à sua atuação política, tendo em vista que no Brasil ainda não havia uma tradição intelectual que configurasse uma linhagem ou tradição sistematizada. O modo como apreendiam e levavam as ideias para o debate estava sujeito aos seus interesses retóricos, o que nos leva a questionar um argumento tão difundido na historiografia de que os intelectuais brasileiros eram receptores passivos e meros imitadores de tradições europeias, como se fossem acríticos e não tivessem nenhum tipo de filtro para fazer suas intervenções no campo do debate político. Desta feita, as discussões empreendidas versarão sobre a chave interpretativa de que os intelectuais realizavam as apropriações das ideias como lhes convinha e as introduziam nos debates políticos conforme lhes era conveniente. É nesse contexto que surgem as discussões sobre o papel exercido pelos intelectuais brasileiros para construção de um campo científico que constituísse uma tradição brasileira suficientemente estruturada a ponto de agregar certos pensamentos, ideias e conceituações produzidas por indivíduos situados entre o final do século XIX e início do XX.
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Maro Lara Martins
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