Considerando que o processo de formação das classes e grupos sociais que compõe o capitalismo brasileiro corresponde a especificidades distintas dos casos clássicos europeus e norte-americano, sem, contudo, deixar de se articular a eles intimamente, mas igualmente diverso dos próprios caminhos dos nossos vizinhos latino-americanos, que conosco partilham a origem colonizadora ibérica, esta proposta pretende dialogar com os principais teóricos do pensamento político e social brasileiro, refletindo sobre as formas de dominação burguesa que perpassam a nossa história. Buscaremos aplicar especial enfoque sobre a “questão social”, designação mais formal com que se costumam nomear os problemas surgidos em nosso processo histórico, decorrentes do capitalismo desde a sua fase mercantil e colonial, mas também sobre a luta de classes, conceituação mais precisa do mesmo fenômeno. Há um relativo consenso nas análises em utilizar-se dos conceitos e categorias como “modernização conservadora”, “autocracia burguesa”; articulando “setores arcaicos” e “modernos” nas bases do “capitalismo tardio e periférico”, intensificando-se a “reprodução ampliada”, a “dualidade”, a “via prussiana” e “dependência” sempre mantida e o “desenvolvimento desigual e combinado”. As “transições pelo alto”, conforme a chamada “oposição consentida”, típicas do “padrão de domínio oligárquico” e da “ordem senhorial-estamental-escravocrata”, conforme a “situação colonial” constantemente reposta, este Grupo de Trabalho pretende refletir sobre a especificidade da formação socioeconômica brasileira, as formas de dominação que nela se estabeleceram, processos de resistência que aí foram construídos, repressões reiteradas e os intelectuais e obras que acerca dessa vasta riqueza histórica se debruçaram, procurando captar qual seria a natureza da realidade brasileira – o porquê de sermos assim e não de outra forma. Assim, diante da atual conjuntura em que o autoritarismo sempre perene em nossa sociedade ora se avulta, ameaçando a nossa frágil e incipiente democracia, entendemos que se trata de relevante debate para o ambiente acadêmico e a sociedade.
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Maro Lara Martins
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