Tendo como base estudos transnacionais que apontam para a relevância do historicismo enquanto conceito chave do pensamento histórico, esta comunicação possui o objetivo de revisitar a reapropriação do termo realizada na obra tardia de Sérgio Buarque de Holanda. De forma geral, busco sustentar que a aproximação do autor com o historicismo representou o capítulo brasileiro de uma tendência à relativização e adaptação do conceito moderno de história à realidade multiétnica e multicultural da América Latina. Assim, o texto desenvolve a hipótese de que, em especial no texto O atual e o inatual em L. von Ranke (1974), Sérgio Buarque se preocupava com o processo de crise da velha matriz europeia de entendimento da história na modernidade, atendando, portanto, para percepções alternativas e descontínuas sobre a questão do sentido na história. Essa é uma hipótese verificável não só a partir de uma análise mais minuciosa do texto e dos seus vínculos com o debate internacional sobre o historicismo, como também a partir da compreensão do contexto intelectual de escrita do trabalho nos anos 1970. Por fim, na mesma direção do que é possível interpretar em relação ao contato do historiador com o historicismo, o texto sugere ser possível entender o entusiasmo que Sérgio Buarque também demonstrava em relação à história dos conceitos como evidência de sua reivindicação por uma reflexão sobre a linguagem da historiografia e pela pluralização do pensamento histórico, sobretudo diante do iminente processo de redemocratização do Brasil e de outras sociedades latino-americanas naquelas décadas finais do século XX.
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Maro Lara Martins
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