Este trabalho analisa a figuração da América Latina na produção geopolítica dos intelectuais militares Golbery do Couto e Silva(1911-1987) e Juarez Távora (1898-1975) ao longo dos anos de 1950 e início da década de 1960. Parte-se da hipótese que o entendimento sobre a América Latina mobilizado na obra dos autores é perpassado por certo tipo de imaginário político que pode ser denominado de “Brasil potência”. Nesse sentido, a região acaba recebendo dois sentidos que se entrecruzam: um funcional e outro simbólico ou metafórico. Dessa maneira, a América Latina, entendida aqui como espaço geopolítico, possuiria a função de ser uma espécie de área de influência brasileira. A região deveria servir de complemento à economia do Brasil, contribuindo assim para a construção da “grande potência” em termos práticos. Nessa perspectiva, o Brasil é visto como liderança natural da América do Sul. O segundo sentido, o metafórico, diretamente relacionado ao primeiro, a América Latina passa a ter um aspecto simbólico, serve como forma de contraponto entre o ordenamento político-social brasileiro e a estrutura político-social latino-americana, valorizando assim as supostas singularidades brasileiras. No aspecto metafórico, a América Latina é um meio ou um caminho para a temporalização do um futuro grandioso, materializado na construção do “Brasil potência”. É justamente sobre esses fatos que esta pesquisa trata, como a América Latina é mobilizada na produção intelectual de militares ligados à Escola Superior de Guerra (ESG) no período do pós-Guerra.
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Maro Lara Martins
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