Educação à Distância e o Futuro da Educação no Brasil

  • Autor
  • Sabrina de Souza Menezes
  • Co-autores
  • Mariella Berger Andrade , Isadora Teresa França Pereira , Lázaro Cézar Dias
  • Resumo
  • Essa mesa tem como objetivo discutir o desenho da educação contemporânea e o diálogo entre as práticas educativas no contexto do capitalismo contemporâneo. Busca-se aqui articular as realidades vivenciadas pelos trabalhadores do Ensino à Distância (EaD) e situar essas discussões no campo social, abordando a educação à distância no contexto dos valores que sustentam a ampliação dessa forma de ensino no Brasil.

    Após a pandemia global da Covid-19, houve uma expansão acelerada do EaD na educação básica e superior. É possível notar, contudo, que mesmo com arrefecimento da pandemia e o retorno às atividades presenciais, não há sinais de retração desse modelo de educação, principalmente no ensino superior. 

    De acordo com o Ministério da Educação, entre 2011 e 2021, o número de ingressantes em cursos superiores de graduação, na modalidade de educação a distância (EaD), aumentou 474%. Na contramão dessa tendência, a quantidade de ingressantes em cursos presenciais diminuiu 23,4%.

    O tema Educação é sempre presente nos debates sociais pelo seu caráter basilar e, por isso, investigações sociais sobre o tema deverão considerar esse processo histórico. A expansão do EaD se torna um ponto de inflexão na história do ensino superior, e isso pode sugerir caminhos para a formatação da educação, do trabalho, e do regime de valores que está em curso. Por isso, essa mesa circunscreve-se na área temática de pensamento social brasileiro pois, para além da produção de teorias interpretativas sobre o Brasil, é fundamental também o debate a respeito dos caminhos que podem pavimentar o ensino e a pesquisa no ensino superior nos próximos anos.

    Ademais, tem ocorrido nos últimos anos um processo acelerado de mudanças no mercado de trabalho, a partir da inserção de novas tecnologias associadas à ciência de dados e inteligência artificial. Nesse contexto de transformações, a educação tanto é insumo quanto produto, já que é espaço para geração de novos aprendizados e conhecimentos demandados ao mesmo tempo que se torna o espaço de convívio dos estudantes e “profissionais do futuro”.

    As políticas de educação podem ser consideradas como uma das formas mais bem estruturadas das políticas sociais. Sob elas existem diversas narrativas, mas diferentemente de outras políticas sociais, como as de transferência de renda, ações afirmativas, habitação e saúde, elas gozam de certa hegemonia em relação à sua importância. Por essa razão, tornam-se exemplares para abrigar iniciativas de análise de suas práticas e intenções subjacentes. Pretendemos apresentar, a partir de especialistas que atuam na área, o que é, porque existe e como existe o ensino à distância.

    Para esse debate, foi convidada a professora do IFES, Dra. Mariella Berger Andrade, que foi diretora do Cefor, coordenadora da Universidade Aberta do Brasil (UAB) e coordenadora da Pós-Graduação em Informática na Educação. A ideia do convite é que a professora ajude a pensar as estratégias da educação a distância para educação superior, a partir da sua experiência enquanto gestora de programa e projetos nessa seara. Nesse ponto, é relevante apresentar como uma gestora de EaD do Instituto Federal, referência nos processos de ensino e aprendizagem à distância, avalia o crescimento desse modelo e seus respectivos impactos nas relações de ensino e aprendizagem na educação superior. Desde a dinâmica em relação ao processo de trabalho para os profissionais da educação, as contratações em formato de bolsa, até a dinâmica do aproveitamento discente, infraestrutura e a dinâmica da evasão e permanência dos alunos nesse formato de ensino. 

    Também foi convidada a Me. Isadora Teresa França Pereira, professora da Faculdade Multivix que atua na modalidade EaD nas disciplinas ligadas à biologia e meio-ambiente. O convite tem como objetivo oportunizar um ambiente de discussão onde seja possível localizar o papel do docente nesse regime que tem se expandido, sobretudo após a pandemia da Covid-19. Dessa forma, torna-se relevante compreender como os profissionais da rede privada participam desse processo e como é possível avaliar o desdobramento do segmento EaD nas faculdades que empreenderam e se consolidaram comercialmente nesse modelo. É importante compreender as aproximações e distâncias entre instituições públicas e privadas.

    O terceiro convidado desta mesa é Lázaro Cézar Dias, economista e mestre em Economia e Desenvolvimento pela Universidade Federal de Santa Maria, que hoje atua como tutor em disciplinas de Economia e Gestão em cursos à distância na Universidade de Vila Velha. Lázaro também é pesquisador do tema e participa do Grupo de Estudos em Ensino à Distância do CEAD-UVV. O trabalho de tutor na mediação do ensino tem se tornado essencial devido à expansão do número de polos e, consequentemente, da quantidade de alunos das instituições de ensino superior. Dessa forma ambicionamos pluralizar os olhares sobre esse segmento da educação a partir dos trabalhadores que participam, organizam e executam a educação à distância no ensino superior das instituições públicas e privadas no Estado do Espírito Santo.

     

    Esta proposta de mesa redonda tem como foco as políticas institucionais de incentivo ao EaD em universidades públicas e privadas, bem como seus limites e potencialidades. Buscamos debater o processo de implementação, expansão e os efeitos desse processo nos estudantes, nos trabalhadores e na educação que almejamos para o futuro. Afinal, o EaD representa um avanço ou um retrocesso em relação ao "futuro da educação"?

  • Palavras-chave
  • Educação, EaD, universidade, trabalho, tecnologia.
  • Área Temática
  • Pensamento Social Brasileiro
Voltar
  • Grupos de Trabalho (GTs)
  • Pensamento Social Brasileiro
  • Intelectuais, Cultura e Democracia
  • GT 1 - Correspondências intelectuais entre o pensamento social brasileiro e a teoria crítica da sociedade: entre o legado teórico e as contribuições para compreensão de problemas contemporâneos
  • GT 2 - Cinema e Quadrinhos como categorias de análise acerca do Pensamento Social Brasileiro
  • GT 3 - Cultura religiosa e autoritarismo afetivo: perspectivas teóricas e metodológicas para o pensamento social do Brasil contemporâneo
  • GT 4 - Democracia, emoções e futebol
  • GT 5 - Elites, Poder e Instituições Democráticas
  • GT 6 - Estabelecidos e Outsiders do Pensamento Social Brasileiro
  • GT 7 - História, cultura e sociedade: diálogos entre Brasil e América Latina
  • GT 8 - Interseccionalidade e Reconhecimento
  • GT 9 - O modernismo brasileiro e a tradição de pensamento social brasileiro
  • GT 10 - O pensamento (neo)conservador brasileiro
  • GT 11 - O Pensamento Social Brasileiro versus a formação docente
  • GT 12 - Pensamento político brasileiro e atuação intelectual na transição dos séculos XIX e XX
  • GT 13 - Pensamento Social Brasileiro e Historiografia: problemas, aproximações, possibilidades
  • GT 14 - Pensamento Social Brasileiro: intelectuais e a produção sobre relações raciais
  • GT 15 - “Questão social”, luta de classes e dominação burguesa no Brasil
  • GT 16 - Sociedade, movimentos sociais e a Democracia no Brasil
  • GT 17 - Tecnopolíticas e Sociologia Digital
  • GT 18 - Apresentações Coordenadas

Comissão Organizadora

Maro Lara Martins

Comissão Científica