A presente comunicação parte do entrelaçamento entre o termo meta-história e sua importância para compreensão da produção historiográfica no Brasil do século XIX. Para tanto, toma-se como definição a ideia de que meta-história é um conceito geralmente associado a uma investigação dos princípios que governam eventos históricos, o estudo da filosofia da história, ou algo como uma investigação das estruturas das narrativas históricas como, por exemplo, a história da historiografia. Indo além, é possível pensar os efeitos práticos do estudo do termo no pensamento social construindo uma rede de diálogos entre a tradição brasileira e o eixo Norte-Atlântico.
Nesse sentido, tomam-se como referências as premissas linguístico-antropológicas expressadas em trabalhos como os de Hayden White (1973), Reinhart Koselleck (2006), e Jörn Rüsen (2015). Embora estes últimos partam de perspectivas diversas, de maneira geral, todos possuem como ponto nodal a ideia de que meta-história é uma reflexão acerca das mais básicas condições de produção da história. Por outro ângulo, pode-se afirmar que, nos debates anglo-saxões ou germânicos, meta-história tem sido associada com a busca por uma instância cujo objetivo é validar a conquista de um conhecimento histórico não circunscrito a limitações temporais ou geoespaciais que, com certa frequência, impedem os historiadores de desenvolver análises em posições teóricas com pontos de vista universalistas, ou seja, da forma mais abrangente possível.
Nesse sentido, esta comunicação busca demonstrar que, como termo central do pensamento histórico, o conceito de meta-história está vinculado a um debate que pode explicitar o pluralismo (ou não) e sobre quais são os fundamentos mais amplos (ou estreitos) possíveis para a produção do conhecimento histórico.
Embora a pesquisa seja mais ampla e avance pelos séculos XX e XXI, como recorte do tema para esta apresentação serão destacados apenas três intelectuais centrais do século XIX brasileiro, a saber, Martius, Varnhagen e Capistrano de Abreu. Tendo como base suas reflexões, serão debatidas as implicações teórico-políticas que suas respectivas produções trouxeram para a escrita da história sobre o Brasil. Além disso, serão pensados os efeitos causados por esse tipo de produção cujas implicações constituem o entendimento do que é ser brasileiro até dias atuais. Tal exercício visa, à luz dos debates contemporâneos de superação do eurocentrismo e da desprovincialização dos conhecimentos científicos, trazer à superfície o que há de atual e inatual as diretrizes historiográficas propostas por esses autores.
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Maro Lara Martins
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