Tobias Barreto e a sociologia abortada

  • Autor
  • Edison Bariani Junior
  • Resumo
  • A história da Sociologia no Brasil, a despeito das interpretações vigentes, pode ser narrada – e não unilateralmente – com base em seus processos dinâmicos de construção, por seus próprios usos e decisões. Nesses marcos, é possível delimitar as condições e formas do advento da Sociologia no Brasil e sua conformação inicial, compreendendo suas características, fundamentos e paradigma dominante, no caso, um modelo vigente desde os primórdios do século XIX, extraído da tradição sociológica europeia, mormente francesa, tendo acentuado seu cunho mecanicista e expurgados seus caracteres mais historicistas: um tipo de ‘ciência natural’ da sociedade, assimilada aqui com a enxurrada de positivismo, evolucionismo, cientificismo e naturalismo. 

     

    Tal paradigma predominou nesse primeiro estágio de criação no Brasil, tendo sido aqui identificado com a própria ciência da sociologiaSociologia, legitimado como interpretação, naturalizado como modelo e ratificado como inexorabilidade histórica. Cabe entender a crítica (e a consequente alternativa proposta) de Tobias Barreto, para o qual a Sociologia, identificada em grande medida com o positivismo, careceria de objeto e métodos precisos e rigorosos, lançando mão de métodos naturalistas, emulados das ciências da natureza, que relegariam a dimensão propriamente humana da liberdade e da finalidade das ações, além de promover uma separação abrupta entre Estado e sociedade, tornando estanques o estudo da política e o entendimento das relações sociais. Embora tácito, Tobias Barreto acena com a possibilidade de construção de uma sociologia distinta do cânone naturalista, uma ciência que fosse particular, empírica, indutiva, compreensiva, histórica e política. 

  • Palavras-chave
  • Tobias Barreto; sociologia; teoria; Brasil
  • Área Temática
  • GT 6 - Estabelecidos e Outsiders do Pensamento Social Brasileiro
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  • Grupos de Trabalho (GTs)
  • Pensamento Social Brasileiro
  • Intelectuais, Cultura e Democracia
  • GT 1 - Correspondências intelectuais entre o pensamento social brasileiro e a teoria crítica da sociedade: entre o legado teórico e as contribuições para compreensão de problemas contemporâneos
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  • GT 3 - Cultura religiosa e autoritarismo afetivo: perspectivas teóricas e metodológicas para o pensamento social do Brasil contemporâneo
  • GT 4 - Democracia, emoções e futebol
  • GT 5 - Elites, Poder e Instituições Democráticas
  • GT 6 - Estabelecidos e Outsiders do Pensamento Social Brasileiro
  • GT 7 - História, cultura e sociedade: diálogos entre Brasil e América Latina
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  • GT 9 - O modernismo brasileiro e a tradição de pensamento social brasileiro
  • GT 10 - O pensamento (neo)conservador brasileiro
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  • GT 12 - Pensamento político brasileiro e atuação intelectual na transição dos séculos XIX e XX
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