A existência das milícias está atrelada à construção de uma sociedade pautada pelo punitivismo. Entretanto, a sua atuação parece não se restringir mais a supostas propostas de coação do crime e da violência. Atualmente, as milícias pretendem alçar voos maiores, para além dos lucros obtidos com negócios ilegais. Agora se imiscuem na política arrastando planos político-eleitorais que parecem ameaçar os rumos da democracia, à medida que tentam definir eleições. A presente pesquisa teve por objetivo examinar, através de artigos jornalísticos, os indícios da existência de um projeto político-eleitoral miliciano, circunstancialmente reforçado pelo afloramento de discursos que, associados à ascensão da extrema-direita por dentro dos canais institucionais, fomentam a existência de uma governança criminal, alimentando uma “zona cinza” entre o Estado e as milícias. Para isso, a metodologia utilizada foi a pesquisa no arquivo digital pago do jornal “O Globo” sobre matérias que abordassem as milícias entre os anos de 2018 e os primeiros meses de 2023 e alguns outros artigos do mesmo período publicados no portal UOL e G1. A partir da apuração das buscas, foram selecionadas notícias que aludiam às possíveis conexões entre as milícias e a política institucional, sobretudo com o avanço do bolsonarismo. Destarte, como resultado da pesquisa, foi possível observar a consistência das tentativas milicianas de se imiscuírem na política, bem como estabelecer uma relação entre a ideologia bolsonarista e os ideais milicianos, atrelada às suas pretensões políticas. Isto posto, conclui-se que é imprescindível atentar para o provável processo, ora em curso, de desmonte da democracia, operado pelas milícias fortalecidas pelo bolsonarismo ainda vigente.
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Maro Lara Martins
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