Nos últimos anos, novas tendências do pensamento social brasileiro surgiram a partir de um retorno aos clássicos de nosso pensamento afim de produzir novas teorias e reinterpretações, de modo a possibilitar compreender melhor os nossos dilemas contemporâneos. Nessa tendência de revisão dos clássicos da sociologia brasileira, sociólogo contemporâneo, Jessé Souza vai na primeira década do século XX produzir uma sociologia crítica e alternativa, que mesmo com vasta produção acadêmica dentro da sociologia e da teoria social, ainda é pouco explorada. Três obras são marcantes no desenvolvimento de seu pensamento acerca do Brasil, são elas: A Modernização Seletiva (2000); A Construção Social da Subcidadania (2003) e A Ralé Brasileira (2018[2009]). As duas primeiras obras vemos um esforço de síntese teórica que resulta na teoria da subcidadania, já na terceira obra um uso empírico de sua teoria. Esse esforço teórico de síntese na busca por uma reinterpretação da singularidade brasileira surge de uma crítica ao que ele considera uma sociologia emocional da ação, que não pode ser considerado uma teoria sociológica de fato, uma vez que se apoia em pressupostos teológicos, ou seja, pressupostos teóricos frágeis, não passando de ensaios. Essa sua sociologia crítica que se contrapõem as teorias dominantes já estabelecidas, e as que derivam das mesmas, faz com que o quadro teórico que sustenta os principais argumentos de sua obra sejam alvos de críticas em diversos níveis. No entanto, embora muito criticado ainda há poucos trabalhos que busquem elucidar sua construção teórica. Levando em consideração isso o presente trabalho toma como objeto de pesquisa o conceito de subcidadania desenvolvido pelo sociólogo, considerado central para o desenvolvimento posterior de sua crítica ao pensamento político e social brasileiro. Esse conceito de interpretação do fenômeno da produção e reprodução da desigualdade social no Brasil é consequência de uma crítica que o próprio faz aos estabelecidos do pensamento social brasileiro acerca de nossa singular modernidade. Para produzir o trabalho, de modo a demonstrar como o sociólogo constrói tal conceito, fazemos uso de uma revisão bibliográfica das principais obras que constituem sua base de formação teórica, assim afim de perceber como ele vai se tornar um outsider a partir de sua crítica aos cânones do pensamento social brasileiro. Espera-se com esse escrito uma pequena contribuição para o entendimento sobre como Jessé Souza vai construir sua teoria da subcidadania a partir de uma crítica ao que ele considera uma sociologia emocional da ação.
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