Corpos indesejados nas universidades: o trote universitário e a violação dos direitos

  • Autor
  • Luciana dos Santos Jorge Pessanha
  • Resumo
  •  

    A história dos Trotes nas Universidades brasileiras surge a partir do século XIX, geralmente a ocorrência de trotes pode ser apenas uma ação com o intuito de brincadeira, recepção e\ou integração, assim como para outros atores o “trote” pode ser definida como uma ação de violência moral e eventualmente física (ZUIN, 2002), porém é relevante pensar no seu potencial para influenciar de forma sutil os envolvidos que buscam a aceitação e não querem se indispor. Parte-se da seguinte hipótese: como as práticas do Acolhimento/ “Trote” Universitário na ótica de calouros e veteranos oriundos das Ações Afirmativas, podem colaborar ou não para a permanência do estudante no âmbito do Ensino Superior? A pesquisa aborda os aspectos conceituais do trote como uma das primeiras vivências acadêmicas, que encarnam um papel significativo no processo de socialização e integração entre calouros e veteranos (FINKLER, 2009). O presente texto tem por objetivo compreender como ocorrem as práticas do Trote nos Centros de Pesquisa da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), partindo de narrativas que propõe e identifica situações de violências e discriminação nas práticas do trote universitário. Apesar de toda a diversidade existente nessas práticas, assim como, a ambiguidade do que ela representa entre os calouros e veteranos que compartilham de um mesmo cenário, em um recorte temporal, a partir do ano de 2020 a 2023. O Trote tem se tornado tema de debate, uma vez que vem assumindo formas de discriminações bem especificas. Manifestações de violências que podem representar uma forma de aversão às políticas de ações afirmativas, que atinge, preferencialmente, jovem do sexo feminino, negros e pessoas com deficiências, articulados ás questões econômicas que ingressam na Instituição. Quanto aos procedimentos metodológicos, trata-se de uma pesquisa qualitativa, em sua modalidade narrativa, em razão do caráter subjetivo dos aspectos investigados. Os dados coletados de autobiografias escritas ou narradas pelos calouros e veteranos convidados, considerando aceite de Termos de Consentimento Livre e Esclarecido, a saber: Como métodos incluem-se questionário aberto, a observação e registros em diário de campo. Para tanto, abordaremos no texto conceitos que corroboram para um amplo e reflexivo entendimento da relação de poder que perpetua nesse tipo de recepção aos alunos. Até o momento da pesquisa, nos deparamos com o caso de migração de alunos, que após o período de acolhimento/trote, referente ao ano de 2022, optou por refazer todo o processo para iniciar em outro curso de graduação e\ou até mesmo em outro Centro de Pesquisa da UENF. Como resultado inicial, confirmamos que esse tipo de recepção dos alunos é um fenômeno que resiste ao tempo mantendo o seu perfil violento e favorável a manutenção e renovação de relações de poder onde o dominador exerce sobre o dominado total controle e coerção.

     

  • Palavras-chave
  • violência; Ações Afirmativas; discriminação; racismo; relação de poder.
  • Área Temática
  • GT 8 - Interseccionalidade e Reconhecimento
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  • Grupos de Trabalho (GTs)
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