Apresentaremos as teses histórico-sociológicas de Alberto Torres (1865-1917) e Manoel Bomfim (1868-1932) sobre raça, educação e imigração. Alberto Torres, fluminense nascido em Itaboraí, província do Rio de Janeiro, importante cidade do Recôncavo da Guanabara com os seus engenhos e fazendas e o mais importante porto fluvial do Rio que escoava a produção do interior da província. Manoel Bomfim nasceu em 8 de agosto de 1868 na cidade de Aracaju, província de Sergipe. Alberto Torres e Manoel Bomfim, coincidentemente, dialogaram com a Medicina por algum tempo. Torres estudou medicina por três anos, abandonando a Faculdade do Rio de Janeiro e ingressando e levando adiante o curso de Direito na Faculdade de Direito de São Paulo. Bomfim iniciou o curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Bahia e concluiu este curso na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1890. Contudo uma tragédia familiar, a morte de sua filha Maria de pouco mais de um ano de idade com febre tifoide sob seus cuidados de médico o afastou da Medina clínica. Alberto Torres e Manoel Bomfim ocuparam importantes cargos na administração pública. Torres foi Ministro da Justiça do Governo Prudente de Morais e governou o Rio de Janeiro de 1897 a 1901, chegando a ministro do Supremo Tribunal Federal, enquanto Bomfim foi Diretor de Instrução Pública do Distrito Federal, Diretor do Pedagogium e da Escola Normal do Distrito Federal e Deputado Federal por Sergipe. Torres era filho de família de fazendeiros fluminenses. Bomfim nasceu no seio de uma família de prósperos comerciantes nordestinos que chegaram a possuir engenho nos arredores de Aracaju. Neste sentido, podemos afirmar que faziam parte da elite econômica brasileira, entretanto desenvolveram teorias racialistas que refutavam as doutrinas da desigualdade das raças que condenavam a mestiçagem do povo brasileiro, tornando-se defensores de pautas científico-culturais progressistas que não excluíam grande parte da população constituída de negros, índios e mestiços. Alberto Torres e Manoel Bomfim viram na instrução popular a possibilidade de avanços societários de nosso país. Os dois cientistas sociais também destoaram da grande maioria da intelectualidade brasileira por se colocarem contrariamente à imigração europeia defendida por grande parte da classe política e pela maioria dos homens de ciência e das letras do nosso país com o fito do branqueamento do povo brasileiro. Nossa análise dos dois autores em questão estará baseada nas seguintes obras de suas fortunas críticas: A Organização Nacional (1978 [1914]) e O Problema Nacional Brasileiro (1978 [1914]) de Alberto Torres; A América Latina: males de origem (1993 [1905]), O Brasil na América... (1997 [1929]), O Brasil Nação (1998 [1931]) e Cultura e Educação do Povo Brasileiro (1932 [1931]) de Manoel Bomfim.
Comissão Organizadora
Maro Lara Martins
Comissão Científica