Nas primeiras décadas do século XX, uma plêiade de intelectuais liderado por historiadores paulistas do porte de Afonso de Taunay, Alfredo Ellias Jr, Alcântara Machado, Basílio de Magalhães, Cassiano Ricardo, Paulo Prado, Sérgio Buarque de Holanda, Paulo Setúbal entre outros, retomaram a temática do bandeirismo para reformularem as linhas mestras da formação brasileira. Então, a temática provocou repercussões em outros os estudiosos da formação brasileira de modo que, se formou outro agrupamento ora para acompanhar, ora para se contrapor as ideias e temas sobre o bandeirismo. Se insere nessa rubrica, Capistrano de Abreu, Euclides da Cunha, Oliveira Vianna, Gilberto Freyre, Vianna Moog entre tantos outros. De fato, o período se apresenta uma concentração volumosa de estudos sobre o bandeirismo com proposições e temáticas variadas, que tinha como objetivo sustentar novas análises e reconstruções sobre a formação brasileira. A proposta dos historiadores paulistas era estudar o fenômeno por dentro, no seu drama diário e anônimo, identificando e explicando os pontos obscuros sem, contudo, perder de vista as causas que impulsionaram o bandeirante a se lançar território adentro para conquistar, desbravar e povoar. Nessa oportunidade, os historiadores paulistas se voltaram para o bandeirante como: a) um “tipo” étnico-racial, que se transfigurou ou se interpenetrou com outros tipos sócio históricos da cultura e da sociedade brasileira tais como: mestiço, jagunço, mameluco, sertanista, mareante, aventureiro, entre outros; b) um “mito” que foi qualificado pelos primeiros estudiosos como chefe da tropa, matador de índio, devassador do sertão, destruidor de palmares mas, que precisava de uma “nova abordagem”, reposicionando o bandeirante como protagonista da história da formação brasileira; c) portador de uma “mentalidade, espirito” de aventureiro, movimento, conquista, território, fronteira, movimento, expansão. Mas, quais argumentos foram adotados por outro agrupamento para acompanhar ou se contrapor a problemática do bandeirismo? Nesse processo, é possível afirmar que o bandeirismo foi se tornando uma tendência de pensamento social brasileiro? O estudo não tem o propósito de produzir um estudo totalizante, mas suficientemente reflexivo para atingir os seguintes objetivos: a) Identificar a formação dos agrupamentos diante da retomada da problemática do bandeirismo; b) Explicar como a proposta de retomada do bandeirismo foi se tornando uma tendência do pensamento social brasileiro. Para responder às questões e atingir nossos objetivos, o estudo se apoiará nos conceitos proposto por Antonio Candido (2000), tais como: formação, sistema, agrupamentos, intelectuais. Segundo o estudioso, os intelectuais brasileiros ao guardar a “vocação patriótico-sentimental” para justificar a sua posição na sociedade e, de certo modo, conquistar “aceitação e reconhecimento de escritor” (CANDIDO, 2000, p.74), se engajavam de forma individual ou coletivamente, em instituições especializadas ou movimentos que desempenhava papel central na publicação de textos em distintos e largos momentos da vida brasileira. Esse processo favoreceu, segundo Candido, uma vinculação entre os autores e as obras, integrando a um sistema articulado que, ao mesmo tempo, influiu na elaboração de outras, formando, no tempo, uma “tradição” (CANDIDO, 2014, p.25) de pensamento, tendência, corrente, escola no e para o Brasil. A partir desse formato, as leituras foram sendo guiadas pelos momentos condicionantes da produção intelectual propostos por Candido “a) o artista, sob o impulso de uma necessidade interior, orienta-o segundo os padrões da sua época, b) escolhe certos temas, c) usa certas formas e d) a síntese resultante age sobre o meio” (CANDIDO, 2000, p. 20). A perspectiva, de certo modo, transita na fronteira da tradicional história das ideias, na história social das ideias, na história dos intelectuais, na história cultural, na história das Ciências Sociais. Enfim, a atuação dos intelectuais era divulgar os múltiplos temas que possibilitaria pensar e tematizar a formação brasileira, conquistou muitos adeptos, remodelando e renovando o pensamento no e para o Brasil.
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Maro Lara Martins
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