O Círculo Pan-americano de Folclore: um projeto para a circulação continental de intelectuais, livros e ideias folclóricas em meados do século XX

  • Autor
  • Francisco Firmino Sales Neto
  • Resumo
  • Em uma história dos estudos folclóricos no Brasil, consolidada nas Ciências Sociais e inscrita na ideia de um Pensamento Social Brasileiro, que remete às críticas proferidas por Florestan Fernandes, é comum encontrarmos o folclore como um saber marginalizado pela ausência de rigor teórico-metodológico. A despeito dessa marginalização científica, uma história intelectual que investigue a trajetória do folclore enquanto campo de estudos não pode prescindir de uma reflexão que analise suas concepções de sociedade e cultura, na medida em que elas estiveram em voga durante meados do século XX e foram bastante profícuas no sentido de fundamentar nacionalismos e, assim, explicar vivências culturais no Brasil e fora dele. Nessa perspectiva, esta comunicação investiga o processo de institucionalização dos estudos folclóricos no Brasil, a partir da fundação do Círculo Pan-americano de Folclore (1940) e da criação da Sociedade Brasileira de Folclore (1941), pelo folclorista Luís da Câmara Cascudo (1898-1986). Definindo o folclore como uma área do saber formada por referências culturais diversas, Câmara Cascudo delimitou um projeto intelectual a ser executado nos estudos folclóricos brasileiros cuja estratégia seria aproximar folcloristas de diferentes países para compor uma rede intelectual capaz de fazer circular livros e ideias em torno daquilo que ele nomeou de uma “ciência do povo”. Nesse projeto intelectual, posto em prática a partir do início dos anos 1940, ou seja, antes mesmo da criação da Comissão Nacional de Folclore (1947) pelo governo brasileiro, Cascudo propôs uma ideia de cultura que articularia elementos regionais, nacionais e globais, ao que chamou de uma cultura universal. Na esteira de um discurso pan-americanista, ele efetivamente estabeleceu ações e desenvolveu ideias com o intuito de aproximar realidades culturais diversas ao longo do continente, explicando-as à luz de um difusionimo de cariz folclórico. Com efeito, a partir de pesquisas realizadas em acervos localizados no Brasil e no exterior, buscamos refletir sobre esse projeto intelectual cascudiano que, dito às margens, mas em sintonia como um movimento folclórico internacional, nomeadamente no continente americano, tomou o folclore como recurso intelectual para dar sentido à cultura brasileira ao longo do tempo.

  • Palavras-chave
  • Círculo Pan-americano de Folclore, Sociedade Brasileira de Folclore, Luís da Câmara Cascudo, Movimento Folclórico Internacional.
  • Área Temática
  • GT 7 - História, cultura e sociedade: diálogos entre Brasil e América Latina
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  • Grupos de Trabalho (GTs)
  • Pensamento Social Brasileiro
  • Intelectuais, Cultura e Democracia
  • GT 1 - Correspondências intelectuais entre o pensamento social brasileiro e a teoria crítica da sociedade: entre o legado teórico e as contribuições para compreensão de problemas contemporâneos
  • GT 2 - Cinema e Quadrinhos como categorias de análise acerca do Pensamento Social Brasileiro
  • GT 3 - Cultura religiosa e autoritarismo afetivo: perspectivas teóricas e metodológicas para o pensamento social do Brasil contemporâneo
  • GT 4 - Democracia, emoções e futebol
  • GT 5 - Elites, Poder e Instituições Democráticas
  • GT 6 - Estabelecidos e Outsiders do Pensamento Social Brasileiro
  • GT 7 - História, cultura e sociedade: diálogos entre Brasil e América Latina
  • GT 8 - Interseccionalidade e Reconhecimento
  • GT 9 - O modernismo brasileiro e a tradição de pensamento social brasileiro
  • GT 10 - O pensamento (neo)conservador brasileiro
  • GT 11 - O Pensamento Social Brasileiro versus a formação docente
  • GT 12 - Pensamento político brasileiro e atuação intelectual na transição dos séculos XIX e XX
  • GT 13 - Pensamento Social Brasileiro e Historiografia: problemas, aproximações, possibilidades
  • GT 14 - Pensamento Social Brasileiro: intelectuais e a produção sobre relações raciais
  • GT 15 - “Questão social”, luta de classes e dominação burguesa no Brasil
  • GT 16 - Sociedade, movimentos sociais e a Democracia no Brasil
  • GT 17 - Tecnopolíticas e Sociologia Digital
  • GT 18 - Apresentações Coordenadas

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