Intelectual, historiador, político, letrado, magistrado, essas são algumas das narrativas de vida que compõem a biografia de Horácio de Almeida, como também, paraibano, filho de família tradicional para a política paraibana. Elas ajudam a construir e situá-lo geograficamente, mas será que dizem tudo? É preciso entender outras narrativas de vida e perceber que algo está faltando ou esquecido. Os usos historiográficos sobre Horácio de Almeida construíram uma história e um espaço para ele, evidenciando sua obra, mas esquecendo o homem. São trabalhos que citam, direta ou indiretamente, o intelectual, seja sobre a sua trajetória profissional, seja sobre suas obras, e, como elas produziram uma determinada história da Paraíba, porém, citam minimamente a sua escolha religiosa e como ela perpassa essa mesma produção, ou seja, o período dedicado ao Espiritismo, que ele publicou, e como ele era engajado no Movimento Espírita paraibano, numa época que esse tipo de escolha levava ao opróbio social.
Há um descompasso entre o que ele viveu e o que se escreveu sobre o mesmo, por isso, a necessidade de trazer certas dimensões que nos ajudem a pensar: primeiramente a memória, a partir da historiografia produzida, como uma fonte a ser analisada e como os biógrafos a construíram; após isso, tentar pensar como o esquecimento, em torno do Espiritismo, se deu para ressaltar o perpassar do mesmo na vida de um intelectual paraibano e posteriormente, desbruçar mais a fundo a história do Espiritismo durante esse período e sua influência nos escritos de Horácio de Almeida como intelectual.
No mesmo ano, 1927, em que ingressou para a Faculdade de Direito, Almeida, volta para Areia e publica um periódico chamado O Luzeiro, que circulou por menos de um ano. Esse periódico versava sobre Espiritismo e contribuía com o Movimento Espírita, entretanto, destaco que esse jornal pouquíssimo aparece nas pesquisas e narrativas sobre ele como também os artigos publicados em torno da defesa e da divulgação do Espiritismo na Paraíba.
Horácio de Almeida era espírita e era engajado. Além de fazer parte da organização do jornal Reacção, Boletim mensal da liga Parahybana Pró-Estado Leigo, no qual defendia temas como divórcio e discutia assuntos tão polêmicos quanto o socialismo e o feminismo. Por isso, a estrenheza em torno de que dua trajetória dentro do Movimento Espírita e dos movimentos político-sociais à época, por exemplo, não seja tratada pelos biógrafos que se debruçam sobre ele.
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Maro Lara Martins
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