O folclore foi uma das disciplinas que produziu narrativas próprias de identidade, povo e nação no ocidente. Em países da América Latina, ele foi amplamente instrumentalizado por atores, instituições, partidos e demais segmentos políticos no decorrer do século XX. Uma dessas instituições foi o Clube Internacional de Folclore (CIF), fundado por Veríssimo de Melo (1921-1996), na cidade de Natal, em 1951, que reuniu folcloristas de quase todas as nações, contemplando em sua maioria os latino-americanos. Para esta comunicação, proponho investigar a trajetória intelectual dos seguintes membros: María Cadilla de Martínez (1884-1951), oriunda de Porto Rico, Oreste Plath (1907-1996), do Chile, e Vicente T. Mendoza (1894-1964), do México, além do já mencionado líder-fundador do CIF. Em termos específicos, intenciono, no primeiro momento, analisar o envolvimento desses sujeitos em associações, organizações políticas, teatros e instituições de ensino superior – em seus respectivos países de origem, levando em consideração que o folclore foi um espaço comum entre eles, mas não o único ocupado e transitado. No segundo momento, examino a relação deles com o saber folclórico, identificando as suas principais produções e apontamentos nessa área disciplinar. Por fim, investigo a circulação de ideias, esmiuçando ainda as maneiras em que essa circulação – e quais ideias – ocorreram entre eles. Para atender o objetivo proposto, manuseio o método prosopográfico como uma forma de analisar as trajetórias individuais e identificar as experiências em comum. Fundamento-me nas proposições de Dominick Lacapra (1998), Pierre Bourdieu (2007) e Michel Foucault (2008; 2013) no que diz respeito às suas respectivas concepções de intelectuais, circulação de ideias e análise de discurso. O recorte temporal contempla os movimentos realizados por esses personagens antes e durante o processo de fundação do Clube. As fontes estão divididas em bibliografias, epístolas e periódicos.
Comissão Organizadora
Maro Lara Martins
Comissão Científica