A história cultural do humor, ramo relativamente recente dentro da historiografia, proporciona grandes potencialidades para o estudo, discussão e pesquisas em várias vertentes, inclusive nas questões de ordem social e política. Da mesma maneira que o uso de Histórias em Quadrinhos (HQs) como fontes históricas também vem cada vez mais ganhando espaço e mostrando todas as suas possibilidades de análise, até porque tradicionalmente essa linguagem carrega consigo o estigma de ser algo pueril e de menor importância em comparação com outros estilos de arte. Sendo assim, a presente proposta busca unir esses dois campos, o humor enquanto tema e os quadrinhos como fontes de pesquisa, mais especificamente como as produções e o humor realizado pelo Angeli e outros claboradores na revista Chiclete com Banana (1985 - 1991) poderiam ser pensados dentro do contexto de redemocratização brasileira, como um humor de transição ou de abertura. Durante anos, com a censura aos meios de comunicação muitas publicações encontraram-se com dificuldades para publicar ou tinham que realizar verdadeiros malabarismos de criatividade para fugir da censura. Com o fim da censura e da ditadura militar brasileira há uma mudança neste contexto e vários artistas passaram a ter uma liberdade de temas, formas de se expressar e possibilidades de publicação que não havia, uma arte que poderia ser classificada como um misto de esperança, desabafo e leitura do contexto sócio-político brasileiro. Assim, Angeli e a Chiclete com Banana seriam representantes desse humor de transição, com seus exageros, críticas e criatividade, mas, fundamentalmente, um típico fruto do contexto de redemocratização brasiliera como também um interprete, estabelecendo uma relação dialética do tempo em que foi produzido e da sua capacidade enquanto agente também nesse contexto. Portanto, a ideia principal é a de entender o papel da revista Chiclete com Banana, com especial enfoque em seu principal autor Angeli, enquanto uma publicação representativa, que estabele diálogos com o período histórico do qual faz parte, mas também como um elemento que tem um olhar de leitura e crítica àquele momento da história brasileira.
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Maro Lara Martins
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