Ibarê Dantas ingressou na graduação na Universidade Federal de Sergipe no ano de 1965 cursando Direito e percebendo sua falta de interesse neste curso, depois de dois anos, optou pela graduação em História. Foi fundador do DCS (Departamento de Ciências Sociais) e do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, que posteriormente se transformou em Mestrado e Doutorado em Sociologia.
O presente trabalho visa compreender de que maneira a sociologia política de Ibarê Dantas, através de suas particularidades em termos de vinculação teórica nas ciências sociais brasileiras na segunda metade do século XX, contribui com o campo do pensamento social brasileiro. De maneira específica, visa: enumerar perspectivas acerca da obra de Ibarê Dantas; precisar as contribuições de seus livros e artigos à sociologia política, e descrever as contribuições do autor para a sociologia política considerando sua participação na consolidação institucional das ciências sociais em Sergipe.
Parto da hipótese de que os estudos de Sociologia Política de Ibarê Dantas e seu percurso intelectual ilustram uma forma de operar a construção da reflexão sobre a sociedade sergipana, notadamente sociológica, que colaborou para o desenvolvimento teórico, metodológico e institucional desta ciência em Sergipe.
Para a consecução dos objetivos do trabalho, adoto uma perspectiva bibliográfica analítica e relacional. Procedo ao fichamento dos textos envolvidos no recorte desta pesquisa, bem como dos principais textos de história das Ciências Sociais em Sergipe e no Brasil que consideramos importantes para esse estudo. Consulto também materiais de apoio como entrevistas do autor, artigos de comentadores do autor e seus conceitos estudados, etc. com a finalidade de nortear a compreensão acerca de nosso objeto. Além disso, tenho feito entrevistas com ex-alunos, ex-colegas de cursos e com o próprio autor. Por fim, tenho feito um levantamento e posterior análise das entrevistas dadas pelo autor, dos artigos de livros e jornais sobre ele, bem como entrevistarei ele e outros intelectuais, seus ex-alunos e ex-alunas, acerca de sua obra.
O ponto de partida de Randall Collins para compreender a dinâmica do campo e das ideações dos intelectuais são as redes através das quais sempre e em todo lugar se transmite e se transmitiu o saber científico e em especial, a doutrina filosófica. Partindo do pressuposto de que são as interações mediadas por rituais entre os intelectuais os elementos fundamentais para entender as redes intelectuais, a proposta de Collins se assenta em uma perspectiva que centra seu interesse em fontes diferentes das tradicionais.
Prioriza-se a compreensão sociológica do conhecimento e as dimensões políticas desse e da ciência. A política é o fio unificador da obra de Ibarê. Desde os fenômenos como coronelismo, dominação, partidos, eleições, autoritarismo, tutela militar, até biografia de personagens de relevo na política partidária em Sergipe, como os Leandros (Maciel), o pai e o filho.
Buscamos as Gerações, as Correntes e/ou os autores de uma história das idéias políticas de Sergipe antes e depois de Ibarê, bem como uma revisão sobre o que há de ciências sociais em Sergipe e sobre a história política de Sergipe, modelos teóricos e metodológicos até então utilizados - quais as escolhas teóricas, os interesses políticos, as disputas compreendendo a produção da historiografia como narrativas ligadas a um conjunto de relações de poder não diretamente perceptíveis como elas se manifestam à luz dessas narrativas, mas imbricadas a ela.
Quem foram os professores, os autores e as influências em história, sociologia, sociologia política e ciência Política, importantes para ele, suas afinidades políticas, bem como sua participação no debate político? Segundo ele, Silvério Fontes fora um católico de esquerda “a pessoa com cultura mais vasta”, autodidata em filosofia formado em direito na Bahia, “um homem coerente”. Foi professor de Administração e Direito Internacional. Além de seu professor também o foi de Terezinha Alves de Oliva e Francisco José Alves. Ibarê empreendeu o trabalho de estruturação das ciências sociais em Sergipe, como Silvério o fez com a história, lutando por uma pós-graduação e trazendo grandes nomes para Aracaju.
Comissão Organizadora
Maro Lara Martins
Comissão Científica