Brasil: uma socialização autoritária?

  • Autor
  • Hilton Costa
  • Resumo
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    Os processos de socialização, de formação das pessoas para a vida em sociedade, vêm sendo de muito alvo de investigação não só pelas Ciências Humanas, como pela Ciência em sentido mais amplo. Na produção brasileira sobre o Brasil algumas obras preocupadas com os processos de socialização tornaram-se por diferentes motivos verdadeiros cânones. Nesta direção é possível destacar, por exemplo, Casa Grande & Senzala de Gilberto Freyre, Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda, antes destes é possível notar a obra América Latina, males de origem de Manoel Bomfim. Antes destas obras datadas da primeira metade do século XX é possível localizar algumas obras oitocentistas e princípios dos novecentos que de alguma maneira tocaram na problemática dos processos de socialização, contudo, não se constituíram em cânones da interpretação do Brasil como as citadas há pouco. Autores como Perdigão Malheiros, Louis Couty ou mesmo Joaquim Nabuco, Raymundo Nina Rodrigues, Silvio Romero e Euclides da Cunha adentraram ao cânone por outras valências, entende-se aqui, do que pelo estudo, necessariamente dos processos de socialização, apesar da temática pode ser encontrada em seus textos.

    Não parece se configurar descabido argumentar que nas Ciências Humanas praticadas no Brasil a partir dos anos 1980 (talvez 1970) deixou de focar a produção dos chamados textos de interpretação do país. Na direção de obras postas a buscarem discutir a formação nacional em sentido amplo. Deixar de focar não significa necessariamente ausência de produção nesta direção, mas tanto a história profissional quanto as ciências sociais profissionais vão a outras direções.

    As primeiras décadas dos anos 2000 não marcam um retorno dos grandes estudos e ou ensaios de interpretação do Brasil com o enfoque nos processos de socialização. Contudo, duas obras passíveis de serem tomadas nesta chave ganharam bastante destaque no período, a saber: Brasil: uma biografia de Heloísa Starling e Lilia Schwarcz e Sobre o autoritarismo brasileiro. Desta feita, o que a proposta aqui é analisar as duas obras almejando compreender como as autoras em questão pensam os processos de socialização. É possível afirmar que para o caso da historiografia brasileira de fins do século XX e princípios do século XXI um autor bastante importante para os estudos dos processos de socialização seja para concordar, seja para discordar é Norbert Elias, sobretudo, nos textos Sociedade de Corte e O processo civilizador. As discussões de Elias marcaram a forma de pensar o estudo sobre os processos de formação social, de formação daquilo denominado, por exemplo, por Emile Durkheim, de o ser social.  

    Para a discussão que aqui se apresenta o intuito é fazer uso das noções de Manoel Bomfim acerca da hereditariedade social e do parasitismo social para discutir o conteúdo dos textos das autoras associado às sugestões metodológicas de John Pocock acerca do contextualismo linguístico e social para pensar o lugar dos textos em um cenário mais amplo das discussões sobre o país e acerca da atividade intelectual.

     

     

  • Palavras-chave
  • Pensamento Social; Lilia Schwarcz; Historiografia
  • Área Temática
  • GT 13 - Pensamento Social Brasileiro e Historiografia: problemas, aproximações, possibilidades
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