Este resumo faz parte da pesquisa de mestrado em andamento realizada no Programa de Pós Graduação em Educação da Universidade Federal de Viçosa - UFV, intitulada por “Aqui tem intelectual preta, sim: trajetórias e epistemologias de docentes pretas em programas de pós-graduação nas áreas Ciências Exatas e da Terra em Minas Gerais” e tem por objetivo, analisar as trajetórias acadêmicas e profissionais das docentes pretas credenciadas nos programas de pós-graduação nas grandes áreas-Ciências da Terra e Exatas em 11 universidades públicas federais mineiras. Para tal foram selecionadas as 8 subáreas: Matemática, Química, Astronomia, Ciências da Computação, Geociências, Estatística, Oceanografia e Física. Como caminhos metodológicos, buscamos informações junto aos programas de pós-graduações sobre o número de docentes negros/as e não negros/as, mediante o qual foram elaboradas tabelas apontando o perfil racial e de gênero destes/as nos programas acima elencados. Para a realização deste levantamento utilizamos o critério da heteroidentificação racial, utilizamos assim, das fotografias das/dos docentes anexadas aos Currículos Lattes acessado via Plataforma do CNPq. Acessou-se somente as docentes pesquisadoras que progrediram na carreira - professores adjuntos, titulares. Foram excluídos os currículos com falta de informações acerca dos enquadramentos profissionais e currículos de docentes credenciados nos mestrado e doutorado profissionais,e sem fotos. O levantamento de dados realizados apontam para uma sub-representatividade de mulheres pretas. Dos 149 currículos Lattes de mulheres em geral heteroidentificadas nos cursos de pós graduação, 138 (92,617%) brancas, 5 (3,355%) pretas e 6 (4,26%) não pretas (aqui incluem-se as pardas, indígenas e amarelas). As mulheres brancas estão em quantidade aproximadamente de (26,4 vezes a mais)quando comparadas às mulheres pretas.Pelo levantamento nota-se uma presença diminuta das docentes pretas nos programas de pós-graduação nas Ciências Exatas e da Terra, o que corrobora a existência do racismo estrutural e institucional. No que se refere ao corpo docente masculino no total foi encontrado 501 homens, sendo que 476 (95%) são homens brancos e 21 (4%) homens pretos e 4 (1%). homens não pretos. Os dados evidenciam que o corpo docente dos Programas de Pós graduação nas subáreas consideradas pela pesquisa são em maior quantidade representadas por homens brancos, seguido por mulheres brancas, e homens pretos e mulheres pretas, e homens não pretos (pardos amarelos, indígenas). Assim temos também uma sub-representação de homens pretos quando comparados aos homens brancos, cenário que coaduna com o cenário nacional. Tais dados nos levam a defesa da efetivação da Lei de Cotas de ingresso de professores/as negros/as em concursos públicos e que esta efetivação não perca a dimensão interseccional de gênero e raça, ou seja que os espaços sejam ocupados fortalecendo os espaços públicos ocupados por mulheres pretas e homens pretos. No que tange aos cursos onde marcadamente, encontram-se as docentes pretas, somente 5 universidades possuem em seu corpo docente feminino, mulheres pretas apareceram mesmo que seja em números pouco expressivos: Universidade Federal de Viçosa - UFV, Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP, Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF, Universidade Federal do Vale Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM, Universidade Federal de Ituiutaba UNIFEI. Elas estão presentes enquanto docentes e pesquisadoras em 2 subáreas do conhecimento com representação significativa de 4 (80%) nas mesmas subáreas Química e 1 docente (20%) na subárea de Física. O curso de PPGs em Química possui um número maior de mulheres pretas docentes pesquisadoras. Diante das evidências apresentadas acima da sub-representatividade de mulheres pretas docentes e pesquisadoras nas pós-graduações nas subáreas consideradas pela pesquisa, nota-se a ausência de referências de docentes pretas nas em outras subáreas’- Matemática, Astronomia, Ciências da Computação, Geociências, Estatística, Oceanografia , tendo em vista que somente foi possível encontrá-las na subárea de Química e Física. Acreditamos que a falta de referência dificulta que as estudantes pretas despertem o interesse desde o ensino fundamental para construírem carreiras profissionais nas grandes áreas de ciências da Terra e Exatas. Defendemos e nos posicionamos na continuidade e efetividade das políticas de ações afirmativas em prol das cotas para população negra em concursos públicos nas universidades.
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Maro Lara Martins
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