Este trabalho tem como objetivo analisar a Revista "Animal, Feio Forte e Formal" como espaço de pensamento social brasileiro underground ou mesmo alternativo, uma vez que as 22 edições desta Revista, (além das outras 10 edições extras) que circularam entre o final da década de 1980 e início da década de 1990, se constituíram em espaços de divulgação de ideias e posturas que podem ser caracterizadas no interior de um projeto anti-conservador e imoral, principalmente, no sentido de promover publicações que iam contra a um constructo padrão de moralidade estabelecido na sociedade brasileira, no contexto do imediato pós Ditadura Civil-Militar. Por meio do Fanzine "MAU Feio, Sujo e Malvado", que foi publicado no interior da Revista, pode-se notar a circulação de posturas que condizem com as práticas de uma cultura política libertária, associada a postura crítica aos padrões hegemônicos midiáticos estabelecidos e criadora de um espaço que foi promotor de determinada visão comum sobre (i)moralidade, costumes, cultura e sociedade, abrindo espaço para divulgação de elementos da cultura e postura política punk e de outros anseios e grupos jovens da segunda metade da década de 1980, que ilustram o contexto político e social da época. Nas páginas da Revista "Animal, Feio Forte e Formal", além de quadrinhos nacionais, foram publicados trabalhos de quadrinistas internacionais que se posicionaram contra a moralidade que se pretendia imposta por setores conservadores de suas respectivas sociedades, sobretudo, Itália e Espanha, no contexto do final da década de 1970 e início da década de 1980. Ao abrir espaço para estas publicações estarngeiras, entende-se que os editores da Revista "Animal, Feio, Forte e Formal" se valiam destas artes para afetar os seus respectivos espaços de alcance na sociedade brasileira.
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Maro Lara Martins
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