Este trabalho examina narrativas inseridas dentro da temática do folclore brasileiro, presentes em três álbuns do quadrinista Flavio Colin ambientados na região amazônica. Os álbuns selecionados são "O Curupira", "Mapinguari e outras histórias" e "Caraíba, De caçador a herói da floresta", produções, no geral, situadas historicamente na transição dos anos 1990 para os 2000. Colin utilizou ao longo de sua carreira elementos do folclore brasileiro como parte integrante de suas narrativas gráficas, explorando personagens mitológicos de diferentes regiões do país, além de outros seres e lendas amazônicas. Nesses álbuns, em particular, relacionou o folclore com temáticas variadas, dentre as quais se destacam a preservação ambiental, a relação do homem com a natureza, os conflitos sociais e a identidade cultural. Colin utilizou dos elementos folclóricos não apenas como meros adereços, mas como símbolos que carregam consigo um significado cultural e histórico. As histórias, muitas vezes, retratavam a interação entre tradição e modernidade, e como o folclore servia como um elo entre elas. O objetivo é analisar como esses usos do folclore por Colin se inserem em uma construção de brasilidade, como contribuem, em maior ou menor grau, para a criação e consolidação de uma identidade cultural brasileira. Além disso, o trabalho também se concentra em como o autor utiliza essas narrativas para fazer conexões entre o local (a região amazônica) e o nacional, enfatizando a importância da Amazônia como parte integrante da identidade e cultura brasileiras. A metodologia empregada consiste na análise de elementos narrativos e visuais nos álbuns mencionados, com foco na representação dos personagens folclóricos e na maneira como essas representações se relacionam com a cultura e identidades entendidas como brasileiras. Utilizamos autores como Stuart Hall e Antonio Candido como base teórica para entender a construção da nação e da identidade nacional, assim como referências específicas sobre folclore e cultura popular brasileira - em particular, com as obras de Câmara Cascudo. Para pensar como Colin concebe artisticamente a Amazônia, dialogamos com Neide Gondim e Aldrin Figueiredo, cujas obras abordam a construção e representação da região na literatura e nas artes brasileiras.
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Maro Lara Martins
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