A segregação urbana é um fenômeno complexo e abrangente que persiste como um dos grandes desafios enfrentados pelas sociedades contemporâneas em todo o mundo, o que se traduz em uma realidade que assola as grandes cidades do Brasil e do mundo, perpetuando e maximizando desigualdades sociais, sendo uma das principais causas do agravamento da pobreza na contemporaneidade. Este artigo problematiza a complexa teia de fatores que contribuem para a formação e manutenção desses cenários urbanos.
O presente trabalho também coloca em discussão como a segregação urbana é fruto de um processo histórico e social, muitas vezes impulsionado por políticas governamentais que negligenciam o planejamento urbano e o direito à cidade no Brasil. Entretanto, os conflitos de classe se fazem presentes por meio da concentração de renda e da especulação imobiliária enquanto fatores-chave que fomentam a criação tanto dos guetos quanto dos bairros de luxo, segregando as comunidades urbanas de acordo com a sua posição na pirâmide social, normalizando a apartação social enquanto um fenômeno típico da vida nas grandes cidades.
Nesse contexto, as metrópoles se tornam palcos de intensos conflitos sociais. A marginalização de determinadas populações e a falta de acesso a serviços básicos como saúde, educação e infraestrutura, geram um sentimento de injustiça e descontentamento entre os excluídos, pavimentando os fatores que contribuem para o aumento da criminalidade e da violência, o que, por sua vez, alimenta tensões e hostilidades que dificultam o desenvolvimento inclusivo das áreas urbanas, alimentando assim a marginalização de determinados grupos e comunidades cujo traço comum invariavelmente será a renda e a raça.
Por fim, outro aspecto crucial analisado é a relação entre a segregação urbana e a pobreza. As comunidades segregadas são frequentemente carentes de investimentos em infraestrutura, serviços e oportunidades de emprego, o que gera um ciclo de imobilidade e vulnerabilidade social. A pobreza concentrada em determinadas áreas é um entrave ao desenvolvimento socioeconômico, tornando-se um problema que requer políticas de Estado efetivas e abrangentes, mas também de uma transformação cultural que resgate os sentidos da cidadania e da vida em sociedade.
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Maro Lara Martins
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