À esquerda do lulismo: uma análise comparada das obras de Francisco de Oliveira, Luiz Werneck Vianna e Vladimir Safatle.

  • Autor
  • Marcelo Sevaybricker Moreira
  • Resumo
  • O presente artigo busca avaliar comparativamente algumas críticas feitas por intelectuais de esquerda no Brasil contemporâneo ao lulismo, compreendido por este trabalho como um bloco hegemônico que se estabeleceu no país nos últimos três decênios, aproximadamente, e que é liderado pela figura carismática de Luís Inácio Lula da Silva. Como se sabe, esquerda e direita não representam conjuntos previamente homogêneos, fixos e independentes um do outro. Ao contrário: são termos que designam grupos heterogêneos, mutáveis - temporal e espacialmente - e que se definem reciprocamente. Quanto ao lulismo, trata-se igualmente de termo variável e contestável, mas que, de um modo geral, pode ser compreendido como um padrão político de emancipação gradual do país, assentado em pacto conservador com as elites e de desmobilização popular, ainda que tenha produzido inequívocos ganhos do ponto de vista da igualdade e da justiça social. Como um contraponto a essa esquerda institucional, eleitoral e hegemônica - hegemônica frente a grupos que defendem uma transformação mais estrutural e radical do país - o artigo se volta para os trabalhos de Francisco de Oliveira, Luiz Werneck Vianna e Vladimir Safatle que, ademais de terem contribuições importantes em suas áreas específicas de conhecimento (a sociologia e a filosofia), têm atuado como intelectuais públicos, críticos a esse bloco hegemônico. Cada um deles procurou tanto identificar erros e falhas no projeto lulista de poder e governança, quanto saídas e estratégias de radicalização política, no sentido de romper e/ou superar a estrutura socioeconômica brasileira. Neste trabalho se indaga tanto sobre as posições desses três autores em relação aos governos petistas, quanto sobre o modo como cada um deles compreende o papel do intelectual no cenário atual. A partir de suas críticas, quais seriam as principais contribuições e limitações do lulismo? De que modo os seus próprios escritos procuram identificar caminhos de superação dessas limitações? Por que tais caminhos não foram ou não são adotados pelo lulismo? Como esses intelectuais de esquerda se veem e se definem frente a governos que, pela primeira vez na história brasileira, representaram uma vitória eleitoral relevante da esquerda nacional? Este artigo, de maneira provisória e exploratória, busca apresentar uma primeira leitura conjunta desses intelectuais, que não são, em geral, considerados como parte do cânone do Pensamento Social Brasileiro.

  • Palavras-chave
  • esquerda; lulismo; bloco hegemônico; Francisco de Oliveira; Luiz Werneck Vianna; Vladimir Safatle.
  • Área Temática
  • GT4 - Estabelecidos e Outsiders do Pensamento Social Brasileiro
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O 4º Seminário de Pensamento Social Brasileiro: intelectuais, cultura e democracia, organizado pelo NETSIB-UFES, será realizado entre os dias 2 e 6 de junho de 2025, no formato híbrido. A programação presencial será realizada nas dependências do CCHN-Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo, enquanto a programação virtual será transmitida pelas páginas oficiais do evento no YouTube e pela DoityPlay. Nesta edição contaremos com Conferência de Abertura, Grupos de Trabalho (modalidade virtual) e Conferência de Encerramento. Esperamos retomar o diálogo proposto nas edições anteriores do evento (1º SPSB2º SPSB e 3ºSPSB) que resultaram na publicação de livros oriundos das áreas temáticas presentes anteriormente (Coleção Pensamento Social Brasileiro-Volume 1 Volume 2 Volume 3 Volume 4), publicarmos novos livros oriundos desta edição do evento e que novas conexões possam ser criadas. Com esses sentimentos de alegria e reencontro, lhes desejamos boas-vindas!

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