Dentro da epistemologia científica, em sua manifestação hegemônica — isto é, aquela reconhecida tanto dentro quanto fora do próprio campo de estudo —, determinadas formas de produção de conhecimento ganham notoriedade e legitimidade. Nas ciências humanas, esse itinerário não é diferente: ao seguir a trilha das abordagens mais recorrentes sob o prisma analítico, destaca-se o estudo sobre as elites.
Essa faceta do mundo social, contudo, carece de uma sistematização que contemple suas particularidades. Sabe-se, porém, que há em sua expressão uma característica comum e notória: o seu caráter topográfico e relacional. Em outras palavras, ser elite é ocupar uma posição em relação a algo que confere distinção — seja pelo poder, pelo conteúdo simbólico ou pela herança de condições de experiência e existência.
Diante dessa formulação, é imperioso realizar uma sistematização das formas como esse espectro topográfico se apresenta, especialmente no interior da teoria das elites. Assim, o presente trabalho tem como objetivo, a partir de uma revisão bibliográfica dos principais autores que se dedicaram ao estudo das elites, investigar as nuances e semelhanças entre suas abordagens.
Esse esforço sistemático não apenas posiciona os autores no campo, como também enfrenta a pergunta central dos estudos sobre as elites: a relação recursiva é o elemento constitutivo das elites? A resposta a essa questão pode ser explorada ao longo de todo o pensamento contemporâneo acerca desse objeto.
Dessa forma, a análise da trajetória intelectual da teoria das elites permite compreender quais são os recursos posicionais mobilizados para explorar essa dimensão relacional e distintiva. A hipótese central que orienta esta investigação é que o poder, enquanto substrato de manifestação de força, se apresenta como o principal elemento constitutivo da relação distintiva que caracteriza as elites. No entanto, o poder é plural e amplo em sua própria definição conceitual. Por isso, a identificação de seu papel exige uma sistematização rigorosa do pensamento sobre as elites, especialmente no âmbito da teoria das elites — foco analítico deste artigo.
O 4º Seminário de Pensamento Social Brasileiro: intelectuais, cultura e democracia, organizado pelo NETSIB-UFES, será realizado entre os dias 2 e 6 de junho de 2025, no formato híbrido. A programação presencial será realizada nas dependências do CCHN-Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo, enquanto a programação virtual será transmitida pelas páginas oficiais do evento no YouTube e pela DoityPlay. Nesta edição contaremos com Conferência de Abertura, Grupos de Trabalho (modalidade virtual) e Conferência de Encerramento. Esperamos retomar o diálogo proposto nas edições anteriores do evento (1º SPSB, 2º SPSB e 3ºSPSB) que resultaram na publicação de livros oriundos das áreas temáticas presentes anteriormente (Coleção Pensamento Social Brasileiro-Volume 1 Volume 2 Volume 3 Volume 4), publicarmos novos livros oriundos desta edição do evento e que novas conexões possam ser criadas. Com esses sentimentos de alegria e reencontro, lhes desejamos boas-vindas!